11.11.2014 | Raul Jungmann

11.11.2014

JORNAL DO COMMERCIO

PT “ESTREIA” COMO OPOSIÇÃO NA CMR

LEGISLATIVO Saudados pelo PPS, os petistas fazem primeira ação oposicionista em bloco contra a prefeitura. O caminho da oposição, oficialmente, ainda não está decidido

Marcos Oliveira

Com saudação de “sejam bem-vindos” do líder da oposição, o vereador Raul Jungmann (PPS), a bancada do PT na Câmara de Vereadores do Recife se juntou aos oposicionistas em fortes críticas ao prefeito Geraldo Julio (PSB). O motivo para a união, que contou também com o apoio do vereador Carlos Gueiros (PTB), foi em apoio à manifestação que os guardas municipais fizeram durante todo o dia de ontem na Casa Legislativa.

Os servidores pedem revisão do novo Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento (PCCV), implantado em setembro. É a primeira vez desde o fim da campanha eleitoral que o bloco petista em peso desfere críticas ao governo socialista.

Caso não sejam atendidos, os guardas municipais prometem fechar a Avenida Agamenon Magalhães ainda na próxima quinta-feira. “O que nós queremos é a volta do pagamento das horas excedentes e a reabertura do nosso plano de cargos e carreiras. Esse acordo (firmado no final do ano passado) foi muito ruim para a categoria”, criticou o sub-inspetor da Guarda Municipal e membro da comissão que reivindica as mudanças, Alberto Corrêa.

Ele afirmou ainda que os guardas estão trabalhando em escala de 8 horas diárias e 40 semanais. No entanto, não há limite mensal para as horas de trabalho. Corrêa disse que a categoria exige a imposição de um limite de 160 horas mensais para garantir que as horas extras voltem a ser pagas.

O coro dos vereadores que se colocaram ao lado dos guardas e criticaram a gestão socialista, foi puxado pelo líder do PT na Casa, o vereador Osmar Ricardo.

“Um partido dito socialista, mas que não senta nem para dialogar com os guardas. Essa gestão não está honrando com a categoria”, apontou o petista, sendo acompanhado pelos outros quatro vereadores que compõem a bancada da legenda.

Também se juntaram a Osmar Ricardo os vereadores Carlos Gueiros (PTB), Raul Jungmann, Priscila Krause (DEM) e André Régis (PSDB). Os três últimos fazem parte oficialmente da bancada de oposição.

Sobre a saudação de Raul Jungmann, que comemorou o ingresso dos petistas na oposição, o vereador Henrique Leite (PT) afirmou que essa é a tendência e a vontade dos cinco vereadores, mas que a decisão ainda não foi tomada oficialmente.

A defesa da administração da Capital foi feita pelo vice-líder do governo, vereador Marco Aurélio (SD). Ele lembrou que o problema dos guardas municipais está se arrastando desde a administração do prefeito João da Costa (PT) e que os petistas queriam politizar a questão. O parlamentar governista também afirmou que a prefeitura está em diálogo constante com os guardas.

FOLHA DE PERNAMBUCO

Vereadores usam reivindicações de guardas para atacar

BANCADA DO PT ELEVA O TOM CONTRA PREFEITO

SERVIDORES querem ter o direito de volta para trabalhar 12 horas e folgar 36. E também o plano de cargos

ANDERSON BANDEIRA

O fim do alinhamento político entre o PT e o PSB no plano nacional já começa a refletir no comportamento dos parlamentares da Câmara do Recife. Ontem, pela primeira vez desde o fim das eleições, os petistas assumiram uma posição mais combativa e elevaram o tom contra a gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB). Da tribuna, o líder do PT, vereador Osmar Ricardo, criticou as mudanças que a Prefeitura fez na jornada de trabalho dos guardas municipais.

“O que me traz a esta tribuna é a indignação dos servidores públicos com essa gestão de Geraldo Julio. Uma gestão que não olha de frente os problemas dos servidores e tenta enrolar”, disparou Osmar. As críticas do petista, que pode ser interpretada como um ensaio da bancada do PT a uma oposição mais veemente ao prefeito, vieram após ele denunciar no plenário o imbróglio que envolve a negociação dos pleitos da Guarda Municipal. Juntos, os servidores municipais almejam a volta das negociações sobre o Plano de Cargos e Carreiras e Vencimentos (PCCV), assim como a manutenção das gratificações e da escala de 12 horas de trabalho por 36 de folga.

Segundo a categoria, desde que o acordo coma gestão entrou em vigor, os guardas vêm perdendo dinheiro. Isso porque, a categoria está sendo obrigada a trabalhar oito horas diárias, sendo 40 semanais. No entanto, eles afirmam

que não há um teto de horas semanais. Com isso, trabalham a mais e não recebem as horas extras.

A grita é para que tenha um teto de 160 horas por semana e haja o pagamento das horas excedentes. Eles também pedem a revisão do PCCV, pois alegam que foram promovidos, mas a promoção não foi acompanhada do aumento salarial. Atualmente, há 1.139 funcionários da segurança municipal nas ruas.

APARTES

O pronunciamento de Osmar Ricardo foi aparteado por outros vereadores. Jurandir Liberal (PT) lembrou que quando o PCCV foi aprovado pelo Executivo, na gestão João da Costa (PT), existia a ressalva de ser reapreciado na nova administração.

“Já se passaram dois anos da gestão de Geraldo Julio e ele não resolve. Vai esperar o final do mandato para resolver?”, ironizou. Henrique Leite (PT) reforçou que o PCCV deveria acabar com penduricalhos, como gratificações e horas extras, que não se incorporam ao salário. Jairo Britto (PT) afirmou que o PCCV “tem de melhorar a vida do servidor e não piorar”.

Priscila Krause (DEM) disse que participou da negociação do PCCV e lembrou que houve um pacto de confiança na futura gestão para que o plano fosse ajustado. “Foi um cheque em branco e agora houve a quebra de confiança”, disparou.

Líder da bancada de oposição, Raul Jungmann (PPS) também se solidarizou com a categoria. Vice-líder do Governo, o vereador Marco Aurélio (SDD) jogou na conta da gestão passada o problema por ter enviado um projeto com problemas, tendo sido aprovado às pressas. O governista ainda se comprometeu em levar a reivindicação à Prefeitura.