ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Desmatamento de Suape: desmontando a conversa do governo

Por Robson Fernando para o Blog Acerto de ContasRecentemente o Governo de Pernambuco publicou uma nota de “esclarecimento” sobre o desmatamento de mais de 1000 hectares que quer promover nos arredores do Porto de Suape. A mensagem oficial não passou de mero trololó. Recentemente o Governo de Pernambuco publicou nos jornais e em alguns blogs de grande público uma nota de “esclarecimento” sobre o desmatamento de mais de 1000 hectares que quer promover nos arredores do Porto de Suape. Talvez tenha soado convincente para quem não tem muito apego à crescente discussão contemporânea de temas ambientais e para quem quer ver Pernambuco se desenvolvendo a qualquer custo. Mas definitivamente não enganou ninguém que esteja devidamente por dentro do assunto e queira que a Terra permaneça habitável para si e para as gerações futuras. Os argumentos utilizados no comunicado foram bastante fracos e insuficientes para dissuadir as pessoas mais preocupadas de sua aflição em relação ao antiambientalismo do governo Eduardo Campos. Em outras palavras, a mensagem oficial não passou de mero trololó. Para abrir os olhos da parcela da sociedade que deixou o governo pensar por ela, comento e refuto cada um dos sete pontos que constam na nota do governo sobre aquele que, se acontecer, será um verdadeiro ecocídio que, além de causar perdas irreversíveis no ecossistema litorâneo pernambucano e a marginalização dos extrativistas que dali tiram seu sustento, manchará para sempre a reputação do atual governador e dos deputados que o apoiam nesse episódio. Vamos aos pontos. “1. Como é público e notório, a área portuária de SUAPE se apresenta como de fundamental importância ao cenário de desenvolvimento socioeconômico... Leia Mais

Cuba e o silêncio não-inocente dos cúmplices

Por Raul Jungmann Se um pais instalasse mísseis nucleares em Fernando de Noronha com capacidade de destruir as principais cidades brasileiras e literalmente arrasar o Brasil, você algum dia o perdoaria? Em outubro de 1962, na chamada crise dos mísseis, Cuba fez isso com os EUA. Se a crise armada por Fidel Castro e Nikita Kruschev fosse adiante, e esteve a milímetros de ir, talvez hoje não existisse o que chamamos de humanidade. Penso sempre nisso quando ouço que Cuba é o que é, uma ditadura, em razão do bloqueio econômico que lhe move os Estados Unidos, há mais de meio século. Aliás, recordo que durante a nossa ditadura,  usava-se da mesma lógica para justiticar o estado de exceção, ao atribuir ao “movimento comunista internacional” a necessidade de manter o regime, a censura e os porões. Claro, sou contra o bloqueio, porque anacrônico e dá fôlego aos irmãos Castro, assim como fui, aqui, contra as razões dos hierarcas autoritários para se perpetuarem no poder. Nada tenho contra Cuba e os cubanos, ao contrário do que apregoa Jodeval Duarte, dizendo ouvir antigos companheiros de esquerda. Mas tenho sim, como socialista e democrata, contra as continuadas e inaceitáveis violações dos direitos humanos a que são submetidos os que contrários a ditadura cubana. Me sinto próximo e comprometido com os dissidentes e presos políticos cubanos, aliás de qualquer lugar, país ou regime. Mais que política ou razão, isso é um afeto, um sentimento que tenho, e que me vem, habita, dos longos anos em que amigos e parentes foram presos, torturados ou desapareceram. É visceral. Não há razão de estado, política ou o... Leia Mais

Retirar os estímulos fiscais ao invés de aumentar os juros

Por Raul Jungmann e José Luis Oreiro, Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília. Hoje (dia 15 de abril), o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a prorrogação do incentivo fiscal de IPI para a construção civil. A medida, que acabaria em junho, passará a valer até 31 de dezembro deste ano. Segundo matéria publicada no site do jornal Monitor Mercantil, a medida tem por objetivo limitar os aumentos de preços dos produtos relacionados à construção civil, haja vista que a forte demanda constatada nesse setor está pressionando os preços para cima, o que tem impacto negativo sobre a taxa de inflação. Em matéria publicada no Jornal Valor Econômico de hoje constatamos que há um consenso crescente entre os economistas de que a economia brasileira deverá fechar o ano de 2009 com um crescimento acima de 6%, o que mostra de forma bastante clara que a manutenção dos estímulos fiscais – como a redução do IPI para certos produtos industrializados – não é mais necessária dada a velocidade de recuperação da economia brasileira. O cenário econômico brasileiro hoje é bastante diferente do cenário do ano passado quando, em função da letargia do Banco Central para afrouxar a política monetária, uma dose bastante forte de estímulo fiscal – na forma de redução de impostos e aumento dos gastos de consumo do governo – era necessária para impedir uma queda do PIB ainda maior do que a efetivamente verificada (-0.2% em 2009). No Brasil de hoje, a velocidade de expansão da demanda agregada deverá levar o Banco Central do Brasil, na próxima reunião do Copom, a aumentar a taxa... Leia Mais

O equívoco do general

RIO DE JANEIRO – Em entrevista recente, um general negou a milhares de brasileiros a condição de exilados pelo regime militar de 64, acusando-os de fugitivos. Não se trata de um equívoco semântico, mas de uma linha de pensamento político. Quando dom Pedro 2º foi exilado, com toda a família imperial, houve republicanos que chamaram o último imperador do Brasil de “fujão”. Vamos com calma. Dom Pedro foi realmente exilado por ato do governo, como, em outra situação, alguns brasileiros que estavam presos foram trocados pelo embaixador norte-americano. Libertados, foram expulsos do país por ato do governo. A maioria, a quase totalidade dos ex-exilados, foi na realidade autoexilada, mas não saiu do país por vontade própria, mas porque não havia condições para uma vida normal e digna aqui no Brasil. Nenhum deles, creio eu, tinha como projeto de vida dirigir trens do metrô na Suécia, como o Fernando Gabeira, ou vender charutos em Lima, como o ex-ministro da Justiça Abelardo Jurema. Além do mais, eles foram rastreados pelos serviços secretos do Brasil e de seus aliados na ocasião, Argentina e Uruguai, principalmente. Os militares sabiam onde estavam e o que faziam Juscelino, Arraes, Brizola e quase todos. Eram vigiados. Está preso em Charqueadas (RS) um ex-agente da polícia uruguaia que conta como Jango e outros autoexilados viviam no exterior, chegando a afirmar que o ex-presidente foi envenenado. Todos passaram momentos de solidão e de constrangimento. Com uma ou outra exceção, foram prejudicados profissional e moralmente. Os adversários do regime eram presos e torturados, alguns foram assassinados. Aqui, viviam na corda bamba, tendo de responder a IPMs e cortadas as... Leia Mais

A FRAGILIDADE DO TEMPO

Impressiona-me a coragem do artista Montez Magno pelos temas abordados na Série Thânatos. Nove quadros dialogam com nossos espaços mentais mais profundos. Trata-se de pinturas sobre a dor, o medo, o trágico, a sensualidade e, portanto, o que está invisível mas presente, porque inserido nos objetos em cena. Veja o catálogo da exposição de Montez Magno O estilo também não deixa passar despercebida a maturidade poética do artista que, nesta mostra, em nada aborrece, porque é capaz de abordar nascimento e morte. Em contato com Montez qual espanto ver tamanha simplicidade material e inteligência reunidas numa só pessoa. Deixa claro que vive com a falta de espaço no seu próprio atelier e na sociedade em geral, problema também reconhecido por outros artistas plásticos. Seu currículo denota grande empenho para superar as barreiras e impor seus trabalhos poéticos e pictóricos em instituições e galerias nacionais e internacionais. Montez não costuma circular pelas ruas do Recife ultimamente, a cidade não o atrai tanto. Mas seus sentimentos parecem ter encontrado na Série Thânatos um lugar para uma espécie de catarse. Pelo exposto, é motivo de orgulho para Pernambuco e para a UFPE poder apresentar à sociedade uma parte significativa do universo múltiplo do artista Montez Magno, numa exposição que reabre no dia 15 de abril, o Centro Cultural Benfica para o público voltado às artes plásticas, após recente reforma de manutenção. Com esta iniciativa, mais uma vez, a Diretoria de extensão Cultural da UFPE vem afirmar a importância fundamental do diálogo entre a Universidade e a Sociedade, na busca de melhor promover a diversidade artística e cultural do nosso país. * Bartira Ferraz... Leia Mais

América do Sul: de volta à guerra fria?

O presidente da Rússia, Vladimir Putin e o da Venezuela, Hugo Chávez, assinaram 31 acordos durante recente visita do mandatário russo ao nosso vizinho. Três deles são, digamos, muito interessantes. O primeiro deles estabelece uma parceria entre a PDVSA, a petroleira venezuelana, e suas congêneres russas, para a exploração dos campos petrolíferos do Orinoco, aonde estima-se existam reservas de 531 bilhões de barris, as maiores do mundo. Essa mesma parceria vem sendo tentada pela Petrobrás, sem sucesso até aqui. Insucesso que se repete na criação da binacional refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que infelizmente, não sai do papel. O segundo dos acordos, sobre “security”, entre russos e venezuelanos, pouco se sabe. Comenta-se que ele incluiria transferência de “know how” aos chavistas para fins de reforçar as suas capacidades de geração e análise de informações, num momento em que Chávez “desce a ladeira” do apoio popular e se avizinham às eleições legislativas de setembro. Por fim, a cereja do bolo: Chávez e Putin anunciaram a intenção de cooperarem na área de energia atômica. Mas, para fins pacíficos, declara “el comandante”. De quebra, o presidente Evo Morales, presente ao encontro, pediu uma maior presença dos russos na América Latina, e que Rússia e Bolívia venham a firmar acordos nos campos de energia e defesa. Muito bem. Com colombianos cedendo as suas bases para os norte-americanos e os russos vendendo mais de US$ 4,4 bi em armas aos venezuelanos, temos nas nossas fronteiras um “revival” da ”cold war”, a guerra fria, que todos julgávamos morta e enterrada após a queda do muro de Berlim e o desmanche da URSS! Não é... Leia Mais
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