ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

TSE: a subjetividade que cassa prefeitos e governadores protege Lula

Do Blog Reynaldo Azevedo  O DEM, o PSDB e o PPS entraram com outra representação no TSE acusando Lula e Dilma Rousseff de campanha eleitoral antecipada. E perderam de novo. O relator, desta feita, foi o ministro Henrique Neves da Silva. Quando se analisa o conjunto da obra, a Justiça Eleitoral está virando uma piada de péssimo gosto. O rigor demonstrando — da primeira à última instância — com prefeitos e governadores se transforma numa ampla avenida de licenciosidade quando o presidente da República é o “representado”. A “subjetividade” que conta contra os outros políticos acaba sempre contando a favor de Lula. Qual é o caso desta feita? Na inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de dados de São Paulo, afirmou Lula: “Então, eu penso que a cara do Brasil vai mudar muito. E quem vier depois de mim – e eu, por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem, espero -, quem vier depois de mim já vai encontrar um programa pronto, com dinheiro no orçamento, porque eu estou fazendo o PAC II porque eu preciso colocar dinheiro no orçamento para 2011, para que as pessoas comecem a trabalhar”. Qual a alegação dos partidos de oposição? Basicamente, esta: “mais uma vez, o presidente da República estava, sim, fazendo comício em prol da candidata ‘de fato’ do Partido dos Trabalhadores – PT – para o próximo pleito presidencial.” Os advogados das oposições lembram em sua representação da decisão do próprio TSE que cassou o governador do Maranhão Jackson Lago. Ele assinou um convênio (tarefa própria a um governador) e discursou manifestando apoio a possíveis... Leia Mais

TSE: a subjetividade que cassa prefeitos e governadores protege Lula

Do Blog Reynaldo Azevedo  O DEM, o PSDB e o PPS entraram com outra representação no TSE acusando Lula e Dilma Rousseff de campanha eleitoral antecipada. E perderam de novo. O relator, desta feita, foi o ministro Henrique Neves da Silva. Quando se analisa o conjunto da obra, a Justiça Eleitoral está virando uma piada de péssimo gosto. O rigor demonstrando — da primeira à última instância — com prefeitos e governadores se transforma numa ampla avenida de licenciosidade quando o presidente da República é o “representado”. A “subjetividade” que conta contra os outros políticos acaba sempre contando a favor de Lula. Qual é o caso desta feita? Na inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de dados de São Paulo, afirmou Lula: “Então, eu penso que a cara do Brasil vai mudar muito. E quem vier depois de mim – e eu, por questões legais, não posso dizer quem é; espero que vocês adivinhem, espero -, quem vier depois de mim já vai encontrar um programa pronto, com dinheiro no orçamento, porque eu estou fazendo o PAC II porque eu preciso colocar dinheiro no orçamento para 2011, para que as pessoas comecem a trabalhar”. Qual a alegação dos partidos de oposição? Basicamente, esta: “mais uma vez, o presidente da República estava, sim, fazendo comício em prol da candidata ‘de fato’ do Partido dos Trabalhadores – PT – para o próximo pleito presidencial.” Os advogados das oposições lembram em sua representação da decisão do próprio TSE que cassou o governador do Maranhão Jackson Lago. Ele assinou um convênio (tarefa própria a um governador) e discursou manifestando apoio a possíveis... Leia Mais

Quem lamenta sou eu, presidente

Em janeiro de 2008, voltei de uma viagem a Cuba que durou um mês, que resultou em um livro (Viagem ao Crepúsculo, Editora Casa das Musas). Naquele janeiro, o presidente Lula visitou a ilha, e acompanhei a mobilização de dezenas de estudantes de Medicina brasileiros, para tentar uma audiência. Em pauta, a revalidação do diploma. O máximo que conseguiram foi falar com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nos jornais e rádios estatais, a visita foi cercada de silêncio. Lula chegou, encontrou com o velho amigo Fidel, tirou fotos, tudo muito divertido e afável. Entre os muitos amigos cubanos, havia um ranger de dentes. Uma raiva interior confessada em palavras baixas. Lula jamais deu uma palavra sobre prisões de dissidentes, violações de direitos humanos, a absoluta falta de liberdade que impera na ilha. Desta vez, Lula chegou a Havana no fim da agonia de Orlando Zapata Tamoyo, de 42 anos, um bombeiro hidráulico e prisioneiro de consciência. Após 85 dias em greve de fome, ele morreu. À noite, no necrotério, sua mãe, Reina, deu um breve e comovente depoimento, uma indignação dolorosa e profunda. “Eu digo ao mundo. Esta é a minha dor. Meu filho foi torturado durante todo o período em que esteve preso. Foi assassinado”. Depois de relatar as torturas sofridas pelo filho durante todo o período em que esteve preso (desde 2003), ela não esqueceu dos demais infelizes que ousaram levantar a voz contra o regime: “Que exijam a liberdade dos demais presos e demais irmãos”. O depoimento da mãe pode ser escutado no blog da única voz possível vindo de Cuba, a blogueira Yoani... Leia Mais

Quem lamenta sou eu, presidente

Em janeiro de 2008, voltei de uma viagem a Cuba que durou um mês, que resultou em um livro (Viagem ao Crepúsculo, Editora Casa das Musas). Naquele janeiro, o presidente Lula visitou a ilha, e acompanhei a mobilização de dezenas de estudantes de Medicina brasileiros, para tentar uma audiência. Em pauta, a revalidação do diploma. O máximo que conseguiram foi falar com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nos jornais e rádios estatais, a visita foi cercada de silêncio. Lula chegou, encontrou com o velho amigo Fidel, tirou fotos, tudo muito divertido e afável. Entre os muitos amigos cubanos, havia um ranger de dentes. Uma raiva interior confessada em palavras baixas. Lula jamais deu uma palavra sobre prisões de dissidentes, violações de direitos humanos, a absoluta falta de liberdade que impera na ilha. Desta vez, Lula chegou a Havana no fim da agonia de Orlando Zapata Tamoyo, de 42 anos, um bombeiro hidráulico e prisioneiro de consciência. Após 85 dias em greve de fome, ele morreu. À noite, no necrotério, sua mãe, Reina, deu um breve e comovente depoimento, uma indignação dolorosa e profunda. “Eu digo ao mundo. Esta é a minha dor. Meu filho foi torturado durante todo o período em que esteve preso. Foi assassinado”. Depois de relatar as torturas sofridas pelo filho durante todo o período em que esteve preso (desde 2003), ela não esqueceu dos demais infelizes que ousaram levantar a voz contra o regime: “Que exijam a liberdade dos demais presos e demais irmãos”. O depoimento da mãe pode ser escutado no blog da única voz possível vindo de Cuba, a blogueira Yoani... Leia Mais

Aviso aos náufragos

Os tubarões já sabiam e se aproximaram, e ficaram esperando. Engenheiros brincam de castelos na areia, na praia cheia de turistas brancos assando no sol. Continuaram as obras de contenção do mar. Os ratos fugiram dos esgotos, os coqueiros caíram e quando a lua surgia a água escorria nas bacias sanitárias. O mar avançava em centímetros e todos brincando nos carnavais, construindo espigões à beira mar na bela Zona Sul. Nas torres gêmeas moravam o prefeito e o senador. Calor anormal no campo de futebol com cheiro de algas marinhas. Maresia com degelo e cerveja sem ozônio. Salina nas camas dos motéis. E chegaram os sinais. A lâmina de água cobriu o Marco Zero fazendo pequenas ondas nos postes da luz. Foi o mar retornando às águas do Capibaribe. Os caranguejos invadiram os elevadores e os quartéis. Alguém percebeu e achou que era coisa lá do Pólo Sul. Culpou o governo pelo lixo nos canais e pelos cardumes nas calçadas.  Mudou a paisagem quando o mar cobriu as pontes, arrastando os gatos. Carros substituídos por jangadas, cinema com bóias salva vidas. Não havia mais engarrafamentos nem sombra de árvores. E veio a primeira onda. A segunda e a terceira cheia. Corroendo alicerces, derrubando edifícios, lavando as favelas. Meninos estudando com os pés molhados. Velhos tomando sopa na chuva. Filas nos cursos de natação, que entraram na moda. Alagamentos no morro, na festa da santa padroeira.  Só quando os tubarões começaram a dobrar esquinas e os quintais alguém sentiu que estava sem a perna esquerda e que ficava difícil respirar mesmo dormindo no décimo andar. Começaram a nadar para o... Leia Mais

Aviso aos náufragos

Os tubarões já sabiam e se aproximaram, e ficaram esperando. Engenheiros brincam de castelos na areia, na praia cheia de turistas brancos assando no sol. Continuaram as obras de contenção do mar. Os ratos fugiram dos esgotos, os coqueiros caíram e quando a lua surgia a água escorria nas bacias sanitárias. O mar avançava em centímetros e todos brincando nos carnavais, construindo espigões à beira mar na bela Zona Sul. Nas torres gêmeas moravam o prefeito e o senador. Calor anormal no campo de futebol com cheiro de algas marinhas. Maresia com degelo e cerveja sem ozônio. Salina nas camas dos motéis. E chegaram os sinais. A lâmina de água cobriu o Marco Zero fazendo pequenas ondas nos postes da luz. Foi o mar retornando às águas do Capibaribe. Os caranguejos invadiram os elevadores e os quartéis. Alguém percebeu e achou que era coisa lá do Pólo Sul. Culpou o governo pelo lixo nos canais e pelos cardumes nas calçadas.  Mudou a paisagem quando o mar cobriu as pontes, arrastando os gatos. Carros substituídos por jangadas, cinema com bóias salva vidas. Não havia mais engarrafamentos nem sombra de árvores. E veio a primeira onda. A segunda e a terceira cheia. Corroendo alicerces, derrubando edifícios, lavando as favelas. Meninos estudando com os pés molhados. Velhos tomando sopa na chuva. Filas nos cursos de natação, que entraram na moda. Alagamentos no morro, na festa da santa padroeira.  Só quando os tubarões começaram a dobrar esquinas e os quintais alguém sentiu que estava sem a perna esquerda e que ficava difícil respirar mesmo dormindo no décimo andar. Começaram a nadar para o... Leia Mais
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