12/07/2010
Nesta semana, o deputado federal, Raul Jungmann (PPS), recebeu uma chuva de críticas porque sua declaração de patrimônio apontou uma renda modesta de dezessete mil reais entre 2009 e 2010. Alguns eleitores, desconfiados do valor, afirmaram ser impossível um político experiente ter tão pouco dinheiro; outros, mais ousados, foram mais longe, insinuaram que o deputado estava escondendo seu verdadeiro patrimônio nas tocas de laranjas ou nas relvas da sonegação. O deputado ficou indignado e passou o dia inteiro se defendendo no twitter, e fez mais: expos, em seu site, suas declarações de renda dos últimos dez anos. Em 2000, o deputado tinha duzentos mil reais de patrimônio, em 2010, dezessete mil. Os desconfiados podem acusá-lo de perdulário, mas de falta de transparência, não; os documentos foram expostos publicamente e estão à disposição de qualquer questionamento ou averiguação arguta. Não quero aqui fazer o papel de advogado do deputado, mas observo algo que chama a atenção no fato: as pessoas, em relação a um político, espantam-se com um patrimônio modesto e acham natural uma renda robusta. Se dissermos que esses eleitores são incautos, teremos alguma razão, mas não daremos a devida atenção a algo que merece reflexão: os cidadãos internalizaram a idéia de política como meio de enriquecimento. Partindo do pressuposto de que a política é uma atividade que visa o bem comum, oxigena a sociedade e sustenta a democracia, concluiremos que é perigosa essa percepção de que a política é ponte para enriquecimento pessoal. Se as pessoas continuarem a ignorar e ver a política como algo abjeto, certamente, estarão dispostas a abraçar uma aventura tirânica tanto em um status... Leia Mais
7/07/2010
A minha declaração de bens como candidato ao Senado por Pernambuco gerou perplexidade, curiosidade e virou pauta jornalística. R$ 17.897,89 é tudo que possuo, tendo sido secretário de Estado, presidente do Ibama, do Incra, secretário-executivo do Ministério do Planejamento, ministro do Desenvolvimento Agrário, presidente do conselho de administração do BNDES, vice-presidente do conselho do Banco do Brasil e deputado federal por dois mandatos. Não tenho imóvel próprio, empresas, ações, poupança, investimentos, terras, ouro, dólares ou jóias. Jamais sequer caí na malha fina da Receita Federal. Não tenho bens em nome de filhos e/ou parentes e, quando no exercício de cargos públicos, abri mão do meus sigilos bancário e fiscal – e também não tenho dívidas. Vivo no mesmo apartamento alugado há mais de dez anos e tenho dois carros financiados, em 60 meses, um comigo e outro com meus filhos. Certamente, durante mais de 20 anos de vida pública na alta administração federal e estadual, tive sob minha responsabilidade bilhões de reais. Aliás, me lembro, e ele me recordou recentemente, que ao me despedir do presidente Itamar Franco, em 1994, lhe agradeci ter entrado e saído do seu governo com o nome limpo e R$ 200,00 na conta bancária, do que ele riu muito. Aos 58 anos de idade e 40 de política, continuo acreditando que esta é uma ferramenta de transformação do mundo para melhor. E que política sem valores, ética e respeito é barbárie, corrupção e violência. Em absoluto sou melhor do que alguém por isso e tenho convicção que muitos pensam e agem como eu, graças a Deus. E considero o moralismo e os moralistas execráveis.... Leia Mais
5/07/2010
Por Paulo Roberto Martins * O que poderá acontecer nas próximas décadas a partir da elevação da temperatura da terra? Após o fracasso da cúpula mundial do clima realizada pela ONU em Copenhague, cabe a cada um de nós, habitantes deste planeta, fazermos um exercício de previsão do nosso próprio futuro e de nossos filhos e netos, já que fomos, somos e seremos a causa de extinção das formas de vidas, como a conhecemos, sobre a superfície da Terra. Para nós, seres vivos deste planeta, o oxigênio é combustível básico na sobrevivência das espécies. Ele provém da fotossíntese realizada pelas plantas, aproveitando a energia da luz solar, na troca do gás carbônico (CO2) que expelimos pelo ar que respiramos e filtramos para obtenção do oxigênio. Nos últimos quarenta anos, a população mundial de seres humanos quase dobrou: 1968 (3,6 bilhões de habitantes) e 2008 (6,7 bilhões). Relatório da ONU fixa para o ano de 2050 a estabilização final do número de seres humanos sobre a terra: no máximo nove bilhões. Recente pesquisa britânica mostra que a poluição, o estresse e o excesso de trabalho fez cair a fertilidade feminina no mundo. Cientistas das Nações Unidas afirmam que a freada visível no crescimento demográfico, também ocasionada por motivos econômico-financeiros, pode ser detectada pela simples observação de uma estatística: em 1970 uma mulher costumava ter 5,4 filhos. Em 2004, esse número foi praticamente reduzido pela metade, caindo para 2,69. Nestes mesmos últimos quarenta anos em que a quantidade de humanos multiplicou-se por dois, a Floresta Amazônica (o pulmão do mundo) foi devastada em 20% de sua área. Nos 500 anos de... Leia Mais
22/06/2010
Leslie Tavares * Riviera Francesa, Angra dos Reis, Ilha da Madeira, Blumenau, Veneza, Baviera e Pernambuco; não, não estou falando sobre destinos turísticos, mas sim sobre os inúmeros lugares onde, nos últimos anos, ocorreram chuvas devastadoras que produziram dezenas ou centenas de mortes, além de milhares de desabrigados. Basta um rápido giro pela internet para recordarmos que as chuvas e as inundações bateram recordes históricos em praticamente todos os países, nesta década. Pontes inglesas seculares sucumbiram à força das águas. Pedras de gelo do tamanho de jambos despencaram sobre telhados italianos. Plantações de arroz do sudeste asiático foram varridas, levando países populosos à fome. As chuvas não fazem distinção entre países ricos e pobres. A diferença é a forma com que enfrentam a situação. Não é preciso explicar que cidades planejadas e uma defesa civil equipada e preparada diminuem as perdas de vida e os danos materiais, mas a grande diferença é a consciência do problema. Ele se chama aquecimento global. Para muitos um mito. Tudo bem, tem gente que acredita que o homem não foi à Lua. Mas o fato é que os países desenvolvidos hoje montam apressadamente uma estratégia para viver em um mundo em transformação. O Reino Unido já começa um plano para reestruturação das cidades visando ao enfrentamento de extremos climáticos. Não é à toa, o prejuízo estimado para aquele país gira em torno de 720 bilhões de reais. A mídia européia não faz cerimônia em apontar o aquecimento global como responsável pelos eventos. O Brasil tem propostas internacionais até ousadas quanto a metas de redução de carbono, além de possuir um plano de enfrentamento... Leia Mais
16/06/2010
Merece destaque e a nossa máxima atenção a ocorrência sucessiva e cada vez mais freqüente de desastres ambientais provocados pelas atividades humanas. Levando-nos a uma desconfiança necessária que temos de ter perante as afirmações que nos fazem como sendo credíveis e infalíveis processos e tecnologias existentes. O exemplo mais contundente é o desastre provocado pela explosão e afundamento da plataforma Deepwater Horizon de exploração petrolífera da British Petroleum (BP) acontecida no dia 20 de abril último, e que dia após dia tem atingindo proporções catastróficas. Os números são bastante controversos, todavia o derrame de petróleo pode ter alcançado entre 1 milhão de barris a valores superiores a 170 milhões de barris. É, de fato, uma tragédia ambiental de proporções gigantescas, e que também começou por ser uma tragédia humana, com a morte de 11 trabalhadores quando da explosão da plataforma. Sem dúvida esta tragédia se transformou num dos piores desastres ambientais da humanidade. O exemplo recente desta tragédia do Golfo do México, permitiu um conhecimento valioso para a discussão de um outro tema onde a argumentação se repete: a energia nuclear. Dizem-nos alguns que os avanços tecnológicos já retiraram os perigos desta fonte de produção de energia, chegando mesmo a afirmarem que o risco é zero ou praticamente inexistente. Mas, como percebemos, é conversa para se desconfiar, pois tentam defender algo indefensável. Mesmo sem termos de recorrer aos argumentos do alto custo da energia nuclear, da incapacidade de tratamento dos resíduos produzidos (o chamado “lixo nuclear”) e das emissões de gases de efeito estufa durante o ciclo de produção (desde a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a... Leia Mais
3/06/2010
Do Blog do Alon –Talvez seja necessário introduzir alguma racionalidade nos recursos à Justiça com base na legislação eleitoral. Ou então os próprios tribunais, especialmente o Supremo, precisariam colocar ordem na casa. Pululam as ações por suposta “campanha antecipada”, com as consequências. Incluem-se aí as sentenças — e ameaças de sentenças — contra os partidos pela utilização indevida dos horários políticos no rádio e na televisão. E contra os candidatos, ou pré. Vivemos a era do nonsense. Onde fica o limite entre a propaganda partidária e a propaganda eleitoral? Onde termina uma e começa a outra? O “pré-candidato” deveria estar autorizado a comparecer à TV ou ao rádio no programa da legenda dele? Se sim, o que lhe seria permitido dizer, e o que não? O mesmo vale para os apoiadores. Está evidente que lei nenhuma no mundo será capaz de dar conta de tanta subjetividade. E caímos no buraco negro da margem absoluta para o arbítrio. Algo sempre perigoso. Pois a Justiça será empurrada a assumir papéis abertamente político-partidários. Um pouco de bom senso levaria a concluir que cada partido pode usar seu tempo oficial nos meios de comunicação como bem entender. Se promovesse ataques indevidos contra adversários, deveria haver direito de resposta, regulamentado, a tempo de corrigir os danos eleitorais. E só. No mais, que cada sigla faça uso dos seus canais com o eleitor como quiser. A fúria por legislar é uma característica nacional. Procura medir-se o Poder Legislativo, ou a atuação de cada parlamentar, pelo número de leis aprovadas, ou de projetos apresentados. Que importância tem isso? Pouca. Na melhor das hipóteses. O que é... Leia Mais