ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Para elas, qual o sentido do Dia das Mães?

O Dia das Mães tem origem estadunidense e deita raízes início do século XX. A data, hoje festivamente comemorada, nasceu de uma tragédia: a morte da mãe da americana Anna Jarvis, na Virgínia Ocidental, em 1905. Preocupadas com Anna, que apresentava quadro depressivo, suas amigas organizaram um memorial à sua falecida mãe e uma festa que se integrou ao calendário da Virgínia em 1910 e, dos Estados Unidos, em 1914. No Brasil, a data foi oficializada em 1932, no governo de Getúlio Vargas. Como dito, embora seja uma data festiva – e a segunda mais importante, em volume de vendas, no calendário comercial – este Dia das Mães do ano de 2010, aqui, está marcado pela ocorrência, recentemente, de inúmeros casos que giraram em torno deste dom divino que é a maternidade. Remetendo-nos à origem da data, alguns são verdadeiras tragédias. Mas há também vitórias. Por isso, para algumas mulheres, em especial, há que se questionar que sentido terá este próximo 8 de maio. Será difícil viver o domingo das mães para a adolescente de 15 anos, de São Paulo, que sentiu a maternidade tão perto e, num aborto, viu-a escorrendo como água entre os dedos, impelindo-a a se vestir de enfermeira, passar horas num hospital e, num ato de desespero, sequestrar um recém-nascido por algumas horas. Essa data será indelével também para a mãe que viu sua filha ser raptada e, após seis horas, ser devolvida e perdoou a sequestradora. Um sentimento tão forte capaz de causar o desespero, a insanidade e o perdão. Não será fácil também driblar o pretenso instinto materno, nesse segundo domingo de maio,... Leia Mais

Com o Top Top é assim: ou mãos sujas de sangue ou nada

Por Reinaldo Azevedo – “Se Honduras participar, pelo menos dez presidentes latino-americanos não irão a Madri, a começar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. A afirmação é de Marco Aurélio Garcia, endossando ameaça feita ontem por Rafael Correa, protoditador do Equador e notório amigo dos terroristas das Farc. Ele ocupa, no momento, a presidência da tal Unasul. A Espanha havia convidado o presidente legítimo de Honduras, Porfírio Lobo, para a Cúpula da União Européia com América Latina e Caribe. Lula é hoje o único governante de um país relevante que se opõe a qualquer forma de pressão contra Mahmoud Ahmadinjead, presidente do Irã, notório financiador de terroristas. Rejeita novas sanções contra o país porque diz preferir o diálogo. Mas lidera a pressão de bandoleiros da América do Sul contra o governo hondurenho. Porfírio Lobo foi escolhido pelo povo em eleições diretas, segundo a Constituição democrática do país, com os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público no pleno gozo de suas prerrogativas. Para reconhecer o governo de Honduras, Lula e outros “democratas” latino-americanos exigem a volta de Manuel Zelaya e a restituição de seus “direitos políticos”, cassados, segundo a Constituição, porque tentou dar um golpe à moda bolivariana. Isso não depende só de Porfírio. Há outros Poderes em Honduras. Os grandes aliados de Lula nessa cruzada são Raúl Castro, Daniel Ortega, Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. No critério “mãos sujas de sangue”, a diferença entre Porfírio e o grupo é que as do presidente hondurenho estão limpas. Há ali assassinos amadores, em fase de profissionalização e ao menos um homicida profissional: Raúl. Esses são os... Leia Mais

Foi-se o tempo em que os afazeres das mulheres se restringiam à casa

Por Letícia Nobre e Victor Martins – Ser mãe no século 21 é sinônimo de multiplicidade. Executivas, donas de casa, servidoras públicas e empresárias fazem malabarismo com o relógio para encaixar todos os compromissos sem abrir mão dos cuidados pessoais e, claro, das compras.  Depois que deixaram para trás o posto de sexo frágil, o que se vê são mulheres com mais anos de estudos que os homens, divididas entre a carreira, a educação dos filhos e a administração financeira da família. Avanços significativos que ainda esbarram em desigualdades típicas de nações em crescimento. Pelo menos 53% das brasileiras estão em idade economicamente ativa, mas representam apenas 46% da população ocupada, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os salários também são menores. Em 2009, comparando a média anual dos rendimentos dos dois sexos, o ganho delas (R$ 1.097,93) representou, em média, 72,3% do que eles embolsaram (R$ 1.518,31). As diversas facetas das mulheres não são novidade. “As mulheres sempre foram múltiplas, a diferença é a ampliação dos papéis: de dona de casa a executiva”, explica Marlene Ortega, presidente do Business Professional Women-SP. “Se muitos diziam que ‘atrás de um grande homem há uma grande mulher’, posso dizer que ela não quer mais ficar nos bastidores, quer visibilidade”, afirma Por isso, a ala feminina (1)no mercado de trabalho aumentou. Em março de 2002, 7,325 milhões trabalhavam. Passados oito anos, elas somam 9,823 milhões — um salto de 35%. Quanto à qualificação, até 2020, as mulheres terão passado os homens, de acordo com o Business Professional Women. No setor privado formal, 76,4% das contratadas têm mais que... Leia Mais

O Voto das Mulheres

Por Marcos Coimbra* – O assunto do momento, nas discussões sobre as próximas eleições presidenciais, é o voto feminino. Mais exatamente, as diferenças que existem entre as intenções de voto de mulheres e homens, constatadas pelas últimas pesquisas. Em todas, verifica-se que Dilma e Marina se saem pior que Serra e Ciro no voto feminino. Quando Ciro é retirado, isso não muda: Serra continua a ter mais intenções de voto das eleitoras que qualquer candidata (na verdade, mais que das duas somadas). Em relação a Dilma, o ex-governador mantem uma dianteira relativamente grande nessa parcela do eleitorado. Na mais recente pesquisa do Ibope, por exemplo, os dois estão empatados entre os homens, ele com 35% e ela com 33%. O que quer dizer que a vantagem de 7 pontos percentuais que Serra tem, nessa pesquisa, no universo do eleitorado, deriva das intenções de voto das mulheres. Considerando-as apenas, Serra fica com 37% e Dilma 26%. Há quem olhe esses números e tire conclusões sobre nossa sociedade e nosso sistema político. Para alguns, as dificuldades atuais de Dilma apenas repetiriam algo que Lula enfrentou no passado, pois ele, nas eleições que disputou, sempre tinha mais votos entre homens. Este ano, por razões pouco claras, o que seria uma resistência atávica das mulheres contra o PT estaria se manifestando de novo, apesar da candidatura ser encabeçada por uma mulher. Outros vão além e especulam sobre um machismo renitente em nossa cultura, que sobreviveria apesar do endosso majoritário que a tese da igualdade tem nas verbalizações das pessoas. Embora quase todos proclamem que não veem diferenças entre os gêneros na capacidade para... Leia Mais

Os descaminhos da educação no Recife

Do CENTRO DE CULTURA LUIZ FREIRE – Esta nota se inspira na literatura para alertar a sociedade em geral que a educação na Rede Municipal de Ensino do Recife está a agonizar. Aqui, nossa intenção é diferente, tratar a agonia não como um caminho inexorável para a morte, mas sim como indicador de uma profunda crise. Esta nota se inspira na literatura para alertar a sociedade em geral que a educação na Rede Municipal de Ensino do Recife está a agonizar. Em “Crônica de uma morte anunciada”, obra de García Márquez, onde todos sabem do anúncio da morte de Santiago Nasar pelos irmãos de Ângela Vicário, que o acusou de desonrá-la. Nada se pôde fazer e Santiago Nasar foi morto. Aqui, nossa intenção é diferente, tratar a agonia não como um caminho inexorável para a morte, mas sim como indicador de uma profunda crise e como tal, temos uma excelente oportunidade para refletir não só sobre gestão educacional,mas fundamentalmente sobre política pública. Foi com estranheza que em dezembro de 2008, tomamos conhecimento que um médico sanitarista fora indicado pelo então Prefeito eleito para assumir a pasta de educação do Recife. E na época emitimos nota em busca de uma reflexão: será que os médicos e demais profissionais da saúde acatariam um educador como gestor da política de saúde? Lá em 2008 e início de 2009, ouvimos comentário de que a gestão de João da Costa iria ser “focada na gestão”, como se o campo da formação em educação fosse desprovida desse elemento. Pareceu-nos que algo estava fora da ordem. Afinal, a educação formal em Pedagogia não só dá conta... Leia Mais

O que é o Novo-Desenvolvimentismo?

Por Raul Jungman, José Luis Oreiro e Flavio A.C.Basilio*O “Novo-Desenvolvimentismo” é um “terceiro discurso” entre o discurso populista, dominante hoje em dia no Brasil, e o discurso neo-liberal. Trata-se de um conjunto de propostas de reformas institucionais e de políticas econômicas, por meio das quais as nações de desenvolvimento médio, como o Brasil, buscam alcançar os níveis de renda per-capita dos países desenvolvidos.Trata-se, portanto, de uma estratégia de desenvolvimento de longo-prazo, cujo objetivo final é tornar o Brasil um país plenamente desenvolvido.  O discurso neo-liberal, dominante no mundo desenvolvido até a crise econômica de 2008, é um discurso fundamentalmente imperialista e globalista, o qual tem sua origem em Washington (formando o assim chamado “Consenso de Washington”), tendo sido adotado na América Latina pela direita, formada pela classe rentista e pelo setor financeiro. No Brasil esse discurso, ainda defendido por economistas ligados ao setor financeiro, se baseia nas seguintes proposições: (a) o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas que permitam o livre-funcionamento do mercado, (b) o controle da inflação é o principal objetivo da política econômica, (c) para controlar a inflação, os juros serão inevitavelmente altos devido ao “risco-país” e aos problemas fiscais, (d) o “desenvolvimento econômico” é uma competição entre os países para obter “poupança externa”; logo, os déficits em conta-corrente e a apreciação da taxa real de câmbio não são problemáticos, mas são necessários para o “desenvolvimento” do Brasil devido a nossa dependência externa.  O discurso populista, abraçado por amplos segmentos do PT, estabelece que a globalização e o capital financeiro impõem ao Brasil um alto endividamento externo (devido aos fluxos de capitais voláteis)... Leia Mais
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