ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Assassinato de Alcides: capricho ou ineficácia institucional?

Do Blog de JamildoPor José Maria Nóbrega Jr. – Cientista Político e Pesquisador do NICC-UFPE Não existem leis eficazes sem aparelhos coercitivos eficientes! Na semana passada, em matéria veiculada no Jornal do Commercio (intitulada “Agente investigado por facilitar fuga”, sexta-feira, 12 de fevereiro, 2010, Cidades: p. 7), o Juiz de Execuções Penais, Adeíldo Nunes, afirmou que foi um “lapso” da Justiça a saída do hoje acusado da morte de Alcides da prisão. Outra informação relevante está no fato de que o documento encaminhado ao referido juiz por parte do sistema penitenciário estaria adulterado. Ou seja, não era para o acusado ter migrado para o regime semiaberto (o que lhe permitiu fugir com toda a facilidade). Os crimes praticados aos quais o acusado de matar Alcides era responsável não lhe permitiriam, em quaisquer circunstâncias, a migração de regime. Ele deveria estar preso! Se assim o estivesse, dificilmente teria assassinado o estudante universitário. O crime é uma questão de oportunidade. O estado falhou – e aí quem foi o principal responsável é ator integrante do aparato estatal – em garantir a segurança da sociedade. Permitiu, e o que é mais grave, por ineficácia de seus atores, que um indivíduo de alta periculosidade ficasse livre para praticar crimes ao seu bel prazer. A matéria veiculada pelo mesmo Jornal, na Capa Dois (intitulada “Alcides foi morto por causa de um capricho”, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010: p. 2), afirmou que a causa da morte do Alcides foi provocada pelo “capricho” do principal acusado do crime. Isto não é verdade!Aponto três causas que foram determinantes para a morte do Alcides: 1.A ineficácia da... Leia Mais

Assassinato de Alcides: capricho ou ineficácia institucional?

Do Blog de JamildoPor José Maria Nóbrega Jr. – Cientista Político e Pesquisador do NICC-UFPE Não existem leis eficazes sem aparelhos coercitivos eficientes! Na semana passada, em matéria veiculada no Jornal do Commercio (intitulada “Agente investigado por facilitar fuga”, sexta-feira, 12 de fevereiro, 2010, Cidades: p. 7), o Juiz de Execuções Penais, Adeíldo Nunes, afirmou que foi um “lapso” da Justiça a saída do hoje acusado da morte de Alcides da prisão. Outra informação relevante está no fato de que o documento encaminhado ao referido juiz por parte do sistema penitenciário estaria adulterado. Ou seja, não era para o acusado ter migrado para o regime semiaberto (o que lhe permitiu fugir com toda a facilidade). Os crimes praticados aos quais o acusado de matar Alcides era responsável não lhe permitiriam, em quaisquer circunstâncias, a migração de regime. Ele deveria estar preso! Se assim o estivesse, dificilmente teria assassinado o estudante universitário. O crime é uma questão de oportunidade. O estado falhou – e aí quem foi o principal responsável é ator integrante do aparato estatal – em garantir a segurança da sociedade. Permitiu, e o que é mais grave, por ineficácia de seus atores, que um indivíduo de alta periculosidade ficasse livre para praticar crimes ao seu bel prazer. A matéria veiculada pelo mesmo Jornal, na Capa Dois (intitulada “Alcides foi morto por causa de um capricho”, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010: p. 2), afirmou que a causa da morte do Alcides foi provocada pelo “capricho” do principal acusado do crime. Isto não é verdade!Aponto três causas que foram determinantes para a morte do Alcides: 1.A ineficácia da... Leia Mais

Simbolismo Patológico

Do Blog de Jamildo  Ontem foi enterrado, em uma cova simples no cemitério de Santo Amaro, o símbolo de que alguma coisa está errada no combate à violência. Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, era estudante de biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco. O rapaz, por sinal, nasceu para simbolizar. Primeiro veio ao mundo como símbolo de pobreza. Filho de uma catadora de lixo, no Recife, em uma família numerosa e sem a presença do pai. Infância pobre, com limitações sérias, inclusive à mesa, por falta de alimento. Sempre incentivado pela mãe, tornou-se símbolo de superação. Estudou durante toda a vida no ensino público. Superava a falta de estrutura e de professores com empenho e força, sem nunca ter deixado de trabalhar para ajudar a família. Superação que lhe deu fama. Em 2006, passou em primeiro lugar no vestibular para biomedicina da UFPE. Era um dos melhores alunos de toda a Universidade. Além de estudar, trabalhava em dois estágios e já sustentava a família com o dinheiro que juntava. Com muito esforço conseguiu ajudar uma irmã a estudar e na semana passada comemorava a aprovação dela, também, no vestibular da Federal. Mas o destino de Alcides era ser símbolo. E depois de simbolizar a superação para a falta de estrutura do ensino público e para a pobreza, faltava ao jovem simbolizar a condição refém dos brasileiros diante da violência. Só que para ser um símbolo da violência é preciso ser vencido e não vencê-la. Era preciso levar dois tiros na cabeça, por engano. Não que o revólver tenha disparado sozinho, não foi por acidente. As balas apenas tinham outro... Leia Mais

Simbolismo Patológico

Do Blog de Jamildo  Ontem foi enterrado, em uma cova simples no cemitério de Santo Amaro, o símbolo de que alguma coisa está errada no combate à violência. Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, era estudante de biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco. O rapaz, por sinal, nasceu para simbolizar. Primeiro veio ao mundo como símbolo de pobreza. Filho de uma catadora de lixo, no Recife, em uma família numerosa e sem a presença do pai. Infância pobre, com limitações sérias, inclusive à mesa, por falta de alimento. Sempre incentivado pela mãe, tornou-se símbolo de superação. Estudou durante toda a vida no ensino público. Superava a falta de estrutura e de professores com empenho e força, sem nunca ter deixado de trabalhar para ajudar a família. Superação que lhe deu fama. Em 2006, passou em primeiro lugar no vestibular para biomedicina da UFPE. Era um dos melhores alunos de toda a Universidade. Além de estudar, trabalhava em dois estágios e já sustentava a família com o dinheiro que juntava. Com muito esforço conseguiu ajudar uma irmã a estudar e na semana passada comemorava a aprovação dela, também, no vestibular da Federal. Mas o destino de Alcides era ser símbolo. E depois de simbolizar a superação para a falta de estrutura do ensino público e para a pobreza, faltava ao jovem simbolizar a condição refém dos brasileiros diante da violência. Só que para ser um símbolo da violência é preciso ser vencido e não vencê-la. Era preciso levar dois tiros na cabeça, por engano. Não que o revólver tenha disparado sozinho, não foi por acidente. As balas apenas tinham outro... Leia Mais

PERU: Todos os brasileiros podem ser resgatados ainda hoje

Raul Jungmann Preocupado com a situação dos turistas brasileiros que foram surpreendidos a caminho de Machu Picchu, no Peru e ficaram ilhados na cidade de Águas Calientes, entrei em contato com nossa embaixada naquele país. Abaixo, resumo da conversa com o embaixador Jorge Taunay, que está em Cuzco: * No início houve muita desorganização e a situação ficou muito precária. Chegaram a desviar comida enviada para os turistas brasileiros. * Hoje foi um bom dia. Conseguimos trazer para cá 100 dos nossos. Segundo o vice-consul do Brasil que se encontra em Águas Calientes, restam mais ou menos 170 brasileiros. * Se amanhã fizer bom tempo, como hoje, todos poderão ser retirados. Dos que ainda permanecem lá, ninguém tem mais de 30 anos. Ficaram só os jovens, todos os demais já foram evacuados. * Nós oferecemos ajuda, inclusive helicópteros, que o Peru gentilmente recusou. Agora, eles mobilizaram 14 helicópteros e montaram uma ponte aérea, que está funcionando muito bem. * O Brasil enviou 14 toneladas de alimentos para as vítimas das chuvas. As ações, aqui, estão centralizadas no ministro do turismo, com apoio das forças armadas e eles estão fazendo o que podem. * O número de brasileiros ainda poderá aumentar. Porque existem dois caminhos para Machu Picchu, o de trem e o caminho do Inca, e por esse ainda tem gente chegando. Acho eu que a recusa dos peruanos em aceitar nossos helicópteros tem a ver com um fato histórico, passado no século XIX, a Guerra do Pacífico, quando o Chile anexou uma parte ao sul do território peruano. Se aceitassem os nossos teriam que aceitar os deles, sem dúvida. E, para... Leia Mais

PERU: Todos os brasileiros podem ser resgatados ainda hoje

Raul Jungmann Preocupado com a situação dos turistas brasileiros que foram surpreendidos a caminho de Machu Picchu, no Peru e ficaram ilhados na cidade de Águas Calientes, entrei em contato com nossa embaixada naquele país. Abaixo, resumo da conversa com o embaixador Jorge Taunay, que está em Cuzco: * No início houve muita desorganização e a situação ficou muito precária. Chegaram a desviar comida enviada para os turistas brasileiros. * Hoje foi um bom dia. Conseguimos trazer para cá 100 dos nossos. Segundo o vice-consul do Brasil que se encontra em Águas Calientes, restam mais ou menos 170 brasileiros. * Se amanhã fizer bom tempo, como hoje, todos poderão ser retirados. Dos que ainda permanecem lá, ninguém tem mais de 30 anos. Ficaram só os jovens, todos os demais já foram evacuados. * Nós oferecemos ajuda, inclusive helicópteros, que o Peru gentilmente recusou. Agora, eles mobilizaram 14 helicópteros e montaram uma ponte aérea, que está funcionando muito bem. * O Brasil enviou 14 toneladas de alimentos para as vítimas das chuvas. As ações, aqui, estão centralizadas no ministro do turismo, com apoio das forças armadas e eles estão fazendo o que podem. * O número de brasileiros ainda poderá aumentar. Porque existem dois caminhos para Machu Picchu, o de trem e o caminho do Inca, e por esse ainda tem gente chegando. Acho eu que a recusa dos peruanos em aceitar nossos helicópteros tem a ver com um fato histórico, passado no século XIX, a Guerra do Pacífico, quando o Chile anexou uma parte ao sul do território peruano. Se aceitassem os nossos teriam que aceitar os deles, sem dúvida. E, para... Leia Mais
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