4/02/2015
Dois dias antes do meu aniversário de 12 anos, fez-se a treva do meio-dia, a ditadura militar, da qual eu só sairia 20 anos depois, aos 32, em 1985. Todas as minhas referências essenciais, escolhas e juízos sobre o que é relevante na vida pública e sobre meu País, o que sou e penso, foram aí organizados, construídos. Amo e defendo a democracia como algo meu – e certamente de todos – porque dela fui privado, e tive que, por ela, lutar e correr alguns riscos que outros, amigos e não, correram maiores, entregando a sua (re)conquista, até a própria vida. Talvez por isso, me dói e dá raiva quando falam mal da política e pedem o seu fim. Porque sei na carne que viver sem ela é um inferno, onde não há liberdade, justiça ou quem nos defenda – só insegurança, medo ou abjeta submissão. Se me apego tanto às instituições – Congresso, eleições, Constituição, estado de direito etc -, é porque, ainda que incompletas e precárias, são elas uma promessa de um país humano e menos desigual, que vamos construindo. Então, é com imensa tristeza o que sei – sim, eu sei – o que está por vir…E que eu, em absoluto, não desejo, mas virá. Em breve, o impeachment da Presidente República baterá às portas do Congresso Nacional. Ele mesmo, às voltas com dezenas de cassações e transformado em delegacia de polícia. Então, creio, o País se dividirá, a favor e contra o impedimento de Dilma, com todas as suas nefastas consequências, enquanto as trevas do meio-dia flertarão com a turbulência das ruas. Há quem acredite... Leia Mais
23/01/2015
A execução de um traficante de drogas brasileiro na Indonésia, reacendeu a discussão entre nós sobre a validade ou não da pena de morte para crimes hediondos, assassinatos, drogas etc. Meu ponto de vista é que a pena de morte é inútil, imoral e um retorno a barbárie. Inútil porque, ao contrário da lenda, não reduz a criminalidade ou a violência. Os Estados Unidos, que tem a pena capital em 35 dos seus 50 estados, tem 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. Já a Inglaterra, que aboliu a pena de morte, registra uma morte para os mesmos 100 mil. É imoral porque, como já dizia Beccaria no século XVIII, “é absurdo que as leis, que são a expressão da vontade pública, e que combatem o homicídio, o cometam elas próprias, ou seja: para combater o assassinato ordenem… um assassinato”. E não apenas ordenem, como contratem e paguem um assassino profissional, o carrasco… A pena de morte é também imoral, porque discriminatória e racista. Segundo Bryan Stevenson, advogado e pesquisador americano, nas execuções legais nos EUA, quase 100% das vítimas são pobres, 40% negros e 15% hispânicos. Imaginem como seria tal pena no Brasil, com suas superlotadas penitenciárias, cuja população prá lá de majoritária é constituida de pretos, pardos, pobres e analfabetos… Por fim, a pena capital é bárbara ao nos remeter a vingança, ainda que institucionalizada, do “dente por dente, olho por olho”, a pena de Talião ( donde o vocábulo “retaliação”) do Código de Hamurabi, datado de 1780 antes de Cristo… O que exacerba entre nós o apelo a execução legal dos criminosos é a impunidade, somada... Leia Mais
21/01/2015
Alberto Goldmann, ex-governador de São Paulo, disse o seguinte no seu blog, hoje, sobre a presidente Dilma: “se houver motivos para denunciá-la (…) como tendo cometido crime de resposonsabilidade e se o quadro político e econômico continuar a se deteriorar, pode ser (o impeachment) a saída democrática necessária, talvez a única”. Bem, se a presidente Dilma, ou qualquer presidente, cometer crime de responsabilidade, será aberto contra ela um processo de impedimento, pelo artigo 85 da Constituição e de acordo com a lei 1079 de 1950. Entretanto, Inexiste, até o presente momento, qualquer denúncia criminal tramitando contra a presidente, igualmente motivos para se a processe, salvo como desejo pessoal ou delírio. E, se a situação econômica e política é dificil e se deteriora, e isso é verdade, estamos a léguas de uma ruptura em ambas as áreas que venha a justificar a remoção de Dilma. Como diz o presidente Fernando Henrique, a ressaltar a excepcionalidade e impacto do impedimento de um chefe do executivo, “impeachment é como bomba atômica, se tem mas não se usa”. Se exsitirem fatos concretos contra Dilma ou qualquer Presidente da República, no caso de real e grave desrespeito às normas constitucionais, que se a processe – porém, jamais como campanha para desestabilizar a ela ou a qualquer governo. Raul... Leia Mais
20/01/2015
Para se ter uma ideia o grau de deterioração que o governo Dilma impôs ao sistema elétrico nacional, basta um exemplo do caos vigente no setor, que é o seguinte. As distribuidoras ainda não pagaram o custo extra da energia gerada pelas usinas térmicas, muito mais caras que as hidrelétricas, de novembro e dezembro, cujas parcelas vencem em janeiro, 1.6 bi e fevereiro, 900 mi, totalizando 2.5 bi de reais. Como o governo nada resolvia, as distribuidoras, diante do calote líquido e certo, muniram-se mandados de segurança para dar entrada na justiça e só pagarem os credores quando recebessem o que lhes era devido, pois não tem como passar o custo adicional para os consumidores no momento, via tarifa… A beira do abismo, a ANEEL, pediu tempo e prorrogou o vencimento da parcela de janeiro para o dia 30 para tentar viabilizar via bancos públicos, o aporte dos 2.5 bi devidos. Porém, a crise nāo vai estancar ai. A conta das térmicas do 1º trimestre de 2015, mais o chamado risco hidrológico, será de 9 bi de reais. E, como o ministro Joaquim Levy já avisou que do tesouro nāo sairá um centavo a mais para o sistema, a saída restante é uma só: revisāo tarifária extraordinária, que vai bater direto no bolso dos consumidores e empresas, com aumentos na ponta superiores a 40%. Imagine só o impacto disso sobre a economia, empregos, produçāo e renda… Raul... Leia Mais
19/01/2015
O Sudeste (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas e Espirito Santo) viveu, nesta segunda-feira, um apagão, certo? Errado! O Operador Nacional do Sistema/ONS determinou o corte de 3.000 megawatts, algo como 8% de toda a energia que produzimos. Como o consumo no pico desta segunda-feira à tarde estava indo além da energia gerada, veio a inédita ordem de corte de carga para as operadoras (distribuidoras). Chamar isso de “apagão” é inexato, embora, caso não se reduzisse a energia dos estados em questão, todo o sistema entraria em colapso e, aí sim, o apagão seria amplo geral e irrestrito, nacionalmente. O cenário para frente é ruim, pois os reservatórios do Sudeste, a caixa d’água do País, estão com apenas 19% da sua capacidade, quando o esperado era 40%. Tivesse a presidente Dilma sido menos irresponsável, desde 2012 deveria ter alertado o País para nossa situação hidrológica, e não cometido a famigerada MP 479, aquela que baixou a conta de luz que esse ano vai subir em média 40%… Mas, pensando em sua reeleição, nada fez. Ganhou, e agora todos vamos pagar a amarga conta do seu estelionato. Raul... Leia Mais
8/12/2014
Andressa, modelo e apresentadora de TV de 27 anos, está numa UTI em Porto Alegre. Ela foi parar lá por injetar meio litro de hidrogel e 400 ml de polimetilmetacrilato nas coxas e nádegas. As aplicações, excessivas, o recomendável é de 3 a 5 ml, infeccionaram e Andressa por pouco nāo morreu de sepse ou teve uma das pernas amputadas. Na adolescência, morando com o pai caminhoneiro e a māe dona de casa no interior do Rio Grande do Sul, ela se disse vitima de bullying, por ser magrela e feia. O que pode ser uma justificativa para sua busca da “beleza rápida e a qualquer custo” – até da própria vida… Na mesma página do site aonde leio sobre Andressa, Deborah Secco, outra star, se diz pela primeira vez “consciente que vai morrer”, ao comentar seu novo filme, “Boa Sorte”. Na fita, ela faz o papel de uma dependente química com Aids terminal, que se apaixona por uma rapaz depressivo. Deborah nos diz que para construir seu personagem, conviveu com pacientes terminais de verdade, o que lhe fez refletir sobre a vida e sua transitoriedade e que nenhuma fama, gloria ou beleza nos concede a imortalidade. Ela fala também que, hoje, não colocaria próteses de silicone nos seios ou faria tatuagens em seu corpo – talvez pela compreensão que nosso corpo e nossa vida tem limites, para alem dos quais nos desumanizamos. E que a morte, parte do ciclo da existência, nos humaniza. Raul... Leia Mais
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