ANDRESSA URACH E A BELEZA DA MORTE | Raul Jungmann

ANDRESSA URACH E A BELEZA DA MORTE

Andressa, modelo e apresentadora de TV de 27 anos, está numa UTI em Porto Alegre. Ela foi parar lá por injetar meio litro de hidrogel e 400 ml de polimetilmetacrilato nas coxas e nádegas.

As aplicações, excessivas, o recomendável é de 3 a 5 ml, infeccionaram e Andressa por pouco nāo morreu de sepse ou teve uma das pernas amputadas.

Na adolescência, morando com o pai caminhoneiro e a māe dona de casa no interior do Rio Grande do Sul, ela se disse vitima de bullying, por ser magrela e feia. O que pode ser uma justificativa para sua busca da “beleza rápida e a qualquer custo” – até da própria vida…

Na mesma página do site aonde leio sobre Andressa, Deborah Secco, outra star, se diz pela primeira vez “consciente que vai morrer”, ao comentar seu novo filme, “Boa Sorte”.

Na fita, ela faz o papel de uma dependente química com Aids terminal, que se apaixona por uma rapaz depressivo.

Deborah nos diz que para construir seu personagem, conviveu com pacientes terminais de verdade, o que lhe fez refletir sobre a vida e sua transitoriedade e que nenhuma fama, gloria ou beleza nos concede a imortalidade.

Ela fala também que, hoje, não colocaria próteses de silicone nos seios ou faria tatuagens em seu corpo – talvez pela compreensão que nosso corpo e nossa vida tem limites, para alem dos quais nos desumanizamos.

E que a morte, parte do ciclo da existência, nos humaniza.

Raul Jungmann