ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

A primeira cyberguerra

Por: Raul Jungmann Mohamed Bouazizi, de 26 anos, formado em informática e desempregado, vendedor de frutas para sobreviver, foi detido e surrado pela polícia de seu país, por não ter a documentação de autônomo e comerciante. O fato ocorrido na pequena cidade de Sidi Bouzid na Tunísia, em 17 de dezembro último, seria só mais uma violência de policiais e se encerraria ali, se Bouazizi, dias depois, diante do palácio do governo do presidente Bem Ali, há 23 anos no poder, não tivesse se suicidado e gerado uma reação em cadeia que se espalhou por todo o país.   De pouco adiantou o presidente Ali demitir dois ministros e ir ao hospital visitar pessoalmente  o jovem suicida, que dias após viria a falecer. Os distúrbios e protestos se espalharam pela Tunísia e ultrapassaram as fronteiras do país, atingindo diversas cidades da Argélia, como Argel, Staoueli, Fouka, Orán e outras. O governo resolveu endurecer, prendendo manifestantes e censurando a imprensa, dentre outras medidas. Mas como acontecera anteriormente no Irã, os internautas driblaram os controles e filtros e conseguiram formar uma rede que difundia informações e convocava protestos, numa luta de guerrilha  virtual contra o regime. Foi quando decidiram pedir  ajuda externa e foram buscar o mais famoso coletivo de hackers existente, o Anonymous. Sinônimo da comunidade da web em si mesma, sem coordenação ou liderança identificável, sem uma face ou rosto conhecido, o Anonymous  reúne hackers em torno de um objetivo ou ação política, geralmente em defesa da liberdade na rede mundial de computadores, mas também na defesa de movimentos de oposição  a ditadores e tiranos. Lançando mão de ferramentas... Leia Mais

A primeira cyberguerra

Por: Raul Jungmann Mohamed Bouazizi, de 26 anos, formado em informática e desempregado, vendedor de frutas para sobreviver, foi detido e surrado pela polícia de seu país, por não ter a documentação de autônomo e comerciante. O fato ocorrido na pequena cidade de Sidi Bouzid na Tunísia, em 17 de dezembro último, seria só mais uma violência de policiais e se encerraria ali, se Bouazizi, dias depois, diante do palácio do governo do presidente Bem Ali, há 23 anos no poder, não tivesse se suicidado e gerado uma reação em cadeia que se espalhou por todo o país.   De pouco adiantou o presidente Ali demitir dois ministros e ir ao hospital visitar pessoalmente  o jovem suicida, que dias após viria a falecer. Os distúrbios e protestos se espalharam pela Tunísia e ultrapassaram as fronteiras do país, atingindo diversas cidades da Argélia, como Argel, Staoueli, Fouka, Orán e outras. O governo resolveu endurecer, prendendo manifestantes e censurando a imprensa, dentre outras medidas. Mas como acontecera anteriormente no Irã, os internautas driblaram os controles e filtros e conseguiram formar uma rede que difundia informações e convocava protestos, numa luta de guerrilha  virtual contra o regime. Foi quando decidiram pedir  ajuda externa e foram buscar o mais famoso coletivo de hackers existente, o Anonymous. Sinônimo da comunidade da web em si mesma, sem coordenação ou liderança identificável, sem uma face ou rosto conhecido, o Anonymous  reúne hackers em torno de um objetivo ou ação política, geralmente em defesa da liberdade na rede mundial de computadores, mas também na defesa de movimentos de oposição  a ditadores e tiranos. Lançando mão de ferramentas... Leia Mais

Venezuela: oposição volta esvaziada à Assembléia Nacional

Por: Raul Jungmann Hoje (05) assume a nova Assembléia  Nacional da Venezuela. A data é importante porque, desde a equivocada renúncia à participação nas eleições gerais de 2005, a oposição foi varrida do Estado venezuelano e o Presidente Chávez impôs sua vontade urbi  et orbi.(*)Depois de cinco anos, o contraditório, que existia apenas na sociedade, se deslocará  para o interior do estado chavista. Antevendo o potencial que essa rentrée confere à oposição, Chávez antecipou-se e, através de decretos votados pela dócil assembléia  findante, praticamente subtraiu o mandato dos que assumem hoje, i.e., de toda a oposição parlamentar.   Com problemas crescentes que vão da inflação aos altos índices de violência urbana, passando por dois anos de queda livre do PIB e corrosão de salários e renda, o presidente venezuelano radicaliza para tentar conter a maré montante que amplia os espaços e o apelo social dos seus adversários. Os movimentos de ambos os lados estão voltados para as eleições presidenciais de 2012. Chávez busca comprar tempo para melhorar sua cadente popularidade e a oposição procura unificar-se em  torno de um candidato competitivo, provavelmente o prefeito de Caracas. Ao contrário do que a mídia brasileira apregoa, não existem santos nessa história. Chávez é um golpista que assaltou com tanques o palácio presidencial de Miraflores em fevereiro de 1992. Usando meios  similares, a oposição fez o mesmo contra ele, então democraticamente eleito, em abril de 2002. E cometeu a estupidez já referida do boicote às eleições três anos depois.  Isso deu ao presidente os talheres para tomar para si todos os poderes do Estado e ainda quebrar o poderoso sindicalismo incrustado na... Leia Mais

Venezuela: oposição volta esvaziada à Assembléia Nacional

Por: Raul Jungmann Hoje (05) assume a nova Assembléia  Nacional da Venezuela. A data é importante porque, desde a equivocada renúncia à participação nas eleições gerais de 2005, a oposição foi varrida do Estado venezuelano e o Presidente Chávez impôs sua vontade urbi  et orbi.(*)Depois de cinco anos, o contraditório, que existia apenas na sociedade, se deslocará  para o interior do estado chavista. Antevendo o potencial que essa rentrée confere à oposição, Chávez antecipou-se e, através de decretos votados pela dócil assembléia  findante, praticamente subtraiu o mandato dos que assumem hoje, i.e., de toda a oposição parlamentar.   Com problemas crescentes que vão da inflação aos altos índices de violência urbana, passando por dois anos de queda livre do PIB e corrosão de salários e renda, o presidente venezuelano radicaliza para tentar conter a maré montante que amplia os espaços e o apelo social dos seus adversários. Os movimentos de ambos os lados estão voltados para as eleições presidenciais de 2012. Chávez busca comprar tempo para melhorar sua cadente popularidade e a oposição procura unificar-se em  torno de um candidato competitivo, provavelmente o prefeito de Caracas. Ao contrário do que a mídia brasileira apregoa, não existem santos nessa história. Chávez é um golpista que assaltou com tanques o palácio presidencial de Miraflores em fevereiro de 1992. Usando meios  similares, a oposição fez o mesmo contra ele, então democraticamente eleito, em abril de 2002. E cometeu a estupidez já referida do boicote às eleições três anos depois.  Isso deu ao presidente os talheres para tomar para si todos os poderes do Estado e ainda quebrar o poderoso sindicalismo incrustado na... Leia Mais

Opinião: Um país atrasado de políticos sem pudor

A desmedida euforia que o desempenho econômico suscita – muitas vezes, de forma inconsistente – não pode impedir que se perceba que o Brasil continua mostrando ser um país atrasado. Exemplo disso foi a decisão recente dos congressistas brasileiros, de elevar seus rendimentos muito acima de valores civilizados.  De fato, não tem nenhum cabimento adotar cifras de aumento de salários de quem quer que seja no nível de 70% ou mais. Uma justificativa para tanto seria a inflação; outra, ganhos de produtividade dos políticos. Nenhuma dessas cláusulas, porém, se aplica no caso. O que houve foi uma ação desrespeitosa de princípios de justiça, um avanço de interesse privados contra qualquer pretensão de seguirmos padrões republicanos. A sociedade se revolta, especialmente quando vê a necessidade de medidas de austeridade no gasto público. Barack Obama, quando assumiu a presidência dos EUA, em 2008, adotou medida de cortes salariais nos altos escalões administrativos do país. Deu um exemplo de decência. O Brasil, seguindo sua saga de país sem civilidade, adota o caminho da indecência, sem que ninguém, dentro das esferas de poder, manifeste a repulsa que isso deveria ocasionar. A respeito, pelo menos dois deputados federais (que eu saiba), Raul Jungmann e Luíza Erundina, manifestaram repúdio à decisão do Parlamento. No Senado, ocorreu protesto da sociedade civil no que era para ser uma solenidade de entrega de comenda. O ato, no dia 21.12, transformou-se em enorme constrangimento para os parlamentares presentes. O bispo de Limoeiro do Norte, no Ceará, Dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara que lhe estava sendo conferida. Razão da recusa:... Leia Mais

Opinião: Um país atrasado de políticos sem pudor

A desmedida euforia que o desempenho econômico suscita – muitas vezes, de forma inconsistente – não pode impedir que se perceba que o Brasil continua mostrando ser um país atrasado. Exemplo disso foi a decisão recente dos congressistas brasileiros, de elevar seus rendimentos muito acima de valores civilizados.  De fato, não tem nenhum cabimento adotar cifras de aumento de salários de quem quer que seja no nível de 70% ou mais. Uma justificativa para tanto seria a inflação; outra, ganhos de produtividade dos políticos. Nenhuma dessas cláusulas, porém, se aplica no caso. O que houve foi uma ação desrespeitosa de princípios de justiça, um avanço de interesse privados contra qualquer pretensão de seguirmos padrões republicanos. A sociedade se revolta, especialmente quando vê a necessidade de medidas de austeridade no gasto público. Barack Obama, quando assumiu a presidência dos EUA, em 2008, adotou medida de cortes salariais nos altos escalões administrativos do país. Deu um exemplo de decência. O Brasil, seguindo sua saga de país sem civilidade, adota o caminho da indecência, sem que ninguém, dentro das esferas de poder, manifeste a repulsa que isso deveria ocasionar. A respeito, pelo menos dois deputados federais (que eu saiba), Raul Jungmann e Luíza Erundina, manifestaram repúdio à decisão do Parlamento. No Senado, ocorreu protesto da sociedade civil no que era para ser uma solenidade de entrega de comenda. O ato, no dia 21.12, transformou-se em enorme constrangimento para os parlamentares presentes. O bispo de Limoeiro do Norte, no Ceará, Dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara que lhe estava sendo conferida. Razão da recusa:... Leia Mais
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