Zé Arlindo: É preciso tensionar, porém, sem perder a ternura jamais! (2) | Raul Jungmann

Zé Arlindo: É preciso tensionar, porém, sem perder a ternura jamais! (2)

Querido amigo Zé Arlindo,

Em momento algum eu disse, ou quis dizer, que você, enquanto administrador público, deveria ter feito oposição a João Paulo. O que seria descabido e errado. Também não tenho qualquer dúvida sobre as suas concepções e práticas republicanas, admirador que sou do seu trabalho e compromissos éticos.

O que quis dizer, e repito, é que, ao menos efetivamente, as forças políticas agregadas em torno do governo Jarbas, entre 2000 e 2004, na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal, em nenhum momento fizeram oposição política ao alcaide recifense. O que não é nenhuma novidade, pois, Gustavo Krause, em outras palavras, disse o mesmo em memorável entrevista, na época, ao JC.

Sem dúvida, ao governo Jarbas aliado aos liberais, o PFL, hoje DEM, não interessava um embate pela esquerda protagonizado pelo prefeito e o PT. Vice versa, a João Paulo também não, dado necessitar agudamente de uma boa relação com o governo do estado. Portanto, ao correto e necessário alinhamento administrativo entre governos, deu-se um acordo “branco” que, se trouxe dividendos para ambos, na política revelou-se desastroso para nós quando na oposição.

Daí que, durante o processo eleitoral, “tensionar” (o que não foi feito, ao menos não nos termos da sua cobrança, concordo) não ia, a meu juízo, reverter a nossa desvantagem. Pois, nos anos em que não contou com efetiva oposição, repito: política, João Paulo soube transformar oito anos de uma administração medíocre, que não equacionou nenhum dos problemas estruturais do Recife, num sucesso de mídia e opinião.

E foi esse “sucesso”, timidamente ou nunca contestado por anos a fio, o grande eleitor de João da Costa e coveiro das oposições.

Abraços,

Raul Jungmann