Sobe o risco Brasil de atentado terrorista | Raul Jungmann

Sobe o risco Brasil de atentado terrorista

Em 2007, a nosso pedido, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados realizou uma primeira audiência sobre o tema terrorismo. Naquela oportunidade, ficaram evidenciados três problemas: a ausência de um claro comando e hierarquia entre os órgãos que lidam com o tema; a inexistência de legislação tipificando e qualificando o que é terrorismo entre nós; e a ausência de um debate nacional sobre o tema e suas implicações para o Brasil.

Passados quase dois anos, realizamos, em junho de 2009, uma segunda audiência pública sobre o tema, cuja íntegra você pode ler aqui, tendo por fato gerador a prisão, em São Paulo, de uma membro da alta hierarquia da Al Qaeda, o “senhor K.

Entre a primeira e a segunda audiência, foram poucas as mudanças, permanecendo intocados os problemas aflorados anteriormente. De novo, a criação de um núcleo de prevenção e controle (?) do terrorismo no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Em contrapartida, segundo Daniel Lorenz(*), diretor de inteligência da Polícia Federal, o aumento do “risco Brasil de terrorismo”.

As elites brasileiras, no governo e na oposição, praticam um faz de conta irresponsável: de uma parte, lutam por um assento no Conselho de Segurança da ONU, almejam sentar à mesa de decisão dos temas globais e tornar o país não mais apenas um “global trader”, mas um “global player”. De outra, sonegam um debate sobre os riscos e responsabilidades decorrentes de tal ascensão. E fingem ignorar que, no topo das decisões mundiais, rondam perigos como o terrorismo global.

O qual, como se pode constatar pela leitura das atas dessa segunda audiência, já está entre nós. Definitivamente.