O sobe e desce de Copenhague | Raul Jungmann

O sobe e desce de Copenhague

Hoje foi um dia de baixo astral, aqui em Copenhague. Ontem, já tínhamos tido o stress dos países africanos que deixaram os grupos de negociação, ocasionando um parada geral nos seis grupos que dão conta da agenda da COP15. Superado esse problema, basicamente de confiança, pela presidente da Conferência, Connie Heregaard, o clima tornou a piorar novamente hoje. A Colômbia travou as negociações do grupo que cuida do REED, o fundo para reduzir o desmatamento e a  degradação das florestas. Em paralelo, e agravando a crise de confiança, falava-se de um novo texto que estaria sendo debatido a sete chaves pelos países industrializados e alguns países-chave em desenvolvimento, o que parece não ser verdade. Para terminar de entornar o caldo de vez, os EUA não avançaram nada de novo (veja post seguinte) e a China mantinha-se arredia a quaisquer alternativas que fossem vinculantes.

Em resumo, o pessimismo era geral, hoje no Bella Center, aonde se desenvolvem os trabalhos da COP15. Em verdade nada novo, nessa grande colméia que é a Conferencia, onde  a euforia  sucede a depressão, as vezes por muito pouco ou quase nada. É assim em grandes aglomerados humanos, submetidos ao convívio forçado e conectados, todos, em torno de um objetivo ou esperança particular.

Mas não se pode descartar o fato que é uma imensa tarefa coordenar expectativas e processos de 162 nações  que representam aproximadamente 90% da população do planeta. Ainda mais com imensos interesses econômicos e sociais em questão.

Agora, toda a esperança e expectativa se voltam para os chefes de estado que começam a chegar, hoje ainda e amanhã. Não é bom presságio. Líderes em eventos dessas dimensões costumam atuar nos limites dos acordos diplomáticos que os precedem. E para isso servem os negociadores. Pode-se, sempre, sair um pouco fora do script, mas não  muito.

De qualquer sorte, eles, os líderes, terão dois dias para virar o jogo, o que é possível. Desde que por tal não se entenda metas verificáveis e recursos para os fundos de médio e longo prazos, tudo bem.

Raul Jungmann, de Copenhague.