Dom Hélder | Raul Jungmann

Dom Hélder

Cara Desembargadora Dulcina de Holanda Palhano,

Não nos conhecemos, mas ontem a senhora me emocionou. Quero expressar publicamente por qual razão, como também agradecer-lhe. 

Ano e meio atrás, a senhora homenageou esse grande brasileiro e cidadão do mundo, Dom Hélder Câmara, ao propor e aprovar, por unanimidade, que a nova sede do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª região, em Fortaleza, levasse o seu nome. 

Pois bem, anteontem, às vésperas das comemorações do centenário de sua vinda ao mundo, está no jornal, o pleno do TRT reviu a sua decisão por 4 votos a 3, transferindo a homenagem ao pai de um dos srs. ilustres desembargadores. 

Indignada, a senhora retirou-se da reunião, no que teve o apoio do atual presidente do tribunal, Antonio Parente e de um outro mais que a matéria não traz o nome. 

Dulcina, muito, muitíssimo obrigado. Como cidadão brasileiro, agradeço-lhe pelos seus dois gestos: o da homenagem, que a todos cativa e honra e o de repúdio, ao retirar-se diante do inaceitável. 

Refletindo, Dulcina, talvez tenha sido melhor assim.  

Juízes que cometem a injustiça de preterir quem simboliza à perfeição a idéia de Justiça merecem a pena do desprezo, sem direito a sursis. 

E, afinal, que iriam eles fazer na sua pequenez num Tribunal que levasse o nome de um gigante como o Dom do Amor, não é mesmo? 

Uma vez mais, obrigado.