Começa mal o novo diretor da HEMOBRÁS | Raul Jungmann

Começa mal o novo diretor da HEMOBRÁS

Nas páginas do Jornal do Commercio de hoje, leio que o sr. Rômulo Maciel considera algo alvissareiro o “exercício democrático” da oposição, referindo-se às denúncias do deputado André de Paula, líder da Minoria na Câmara dos Deputados, sobre a fábrica de hemoderivados. Estaria o sr. Rômulo a querer dizer que a oposição é antidemocrática ou golpista? Ora, num regime democrático, o exercício da crítica é papel da oposição pois ela, ainda que não fazendo parte do governo, é parte da governabilidade ou seja, da manutenção das instituições democráticas. Com suas palavras, o novo diretor estaria querendo afirmar que nós da oposição, nem sempre agimos assim? Que seja claro e o diga, sem rodeios.

Mas o melhor vem adiante. O Sr. Rômulo Maciel exige que a Hemobrás não seja levada ao “palanque eleitoral, não seja arrastada às eleições pela oposição”. Ora, ora, ora, sr. Rômulo, faça-me o favor! Pode o governo levar as suas obras e serviços ao palanque, como o PAC por exemplo, e a oposição não pode as suas críticas? E o que será dela, se ao lado de propostas, não levar à opinião pública os erros e omissões do governo no cumprimento das suas promessas? Calar a oposição ou uma oposição domada é o sonho de todo espírito autoritário, tirânico. E é isso que fica evidente na fala do novo diretor. Sob a aparência de “compreensão” e “aceitação” das justas críticas da oposição, não a reconhece e a quer calada. Não terá.

As obras da fábrica de hemoderivados em Pernambuco são um escândalo de manipulação perversa dos sonhos dos pernambucanos. Inúmeras vezes “lançadas” e prometidas, estão na estaca zero, como até o presidente Lula foi forçado a reconhecer. Mais: uma “direção” recebe há anos gordos salários para não fazer absolutamente nada, com o meu, o seu, o nosso dinheiro, arrecadado via impostos. 

Se a oposição calar sobre estes desmandos, perde a face e a razão de ser. Não vamos calar.