O Congresso Nacional decidiu certo ao aprovar o pedido do Ministério da Defesa de dobrar o contingente de militares brasileiros no Haiti.
Entretanto, ficou faltando uma discussão sobre nosso papel lá, agora que o país literalmente acabou e que os objetivos e dimensões da missão brasileira, e da Minustah, cresceram desmesuradamente.
Aliás, hoje à tarde recebi a visita de um general da ativa, competente e influente oficial superior, que me disse três coisas sobre o papel dos EUA no Haiti:
a. Antes do terremoto, havia 50.000 americanos no Haiti, dos quais aproximadamente 5 mil morreram. Portanto, eles tinham que estar lá e com muita estrutura.
b. Cartéis ligados às drogas da Colômbia e México estavam se preparando para aproveitar o caos decorrente da tragédia, dominar o terreno e transformar o Haiti num grande entreposto de passagem da droga para os EUA. O que está afastado, dada a maciça intervenção yankee.
c. Com o país arrasado, a alternativa para inúmeros haitianos será migrar em massa para os EUA, que não estão tão distantes. O que também foi conjurado.
Sem dúvida, razões críveis e que justificam o aporte de pessoal militar e recursos determinado pelo presidente Barack Obama. Outra questão é a insubmissão dos americanos à coordenação da ONU, via Minustah, e ao comando brasileiro responsável pela segurança.
Por essas e outras é que no próximo dia 02 estaremos propondo uma comissão geral da Câmara dos Deputados para rediscutir o que fazemos e que vamos fazer no Haiti daqui para a frente.
Por Raul Jungmann