Ahmadinejad, o Irã e nós | Raul Jungmann

Ahmadinejad, o Irã e nós

Ainda que nos desgoste a repressão desatada nas últimas eleições presidenciais no Irã e que a negativa do presidente iraniano sobre o massacre de judeus na II Guerra nos cause repulsa e afronta, a questão central e diplomática está no projeto nuclear daquele país.

Caso o Irã desenvolva um programa nucelar para fins militares, e não pacíficos como diz, mais cedo ou mais tarde Israel bombardeará as suas instalações e a guerra, com duração, extensão e mortes imprevisíveis recairá sobre o Oriente Médio uma vez mais.

O Brasil pode fazer algo para evitar isso? Muito pouco ou quase nada. Não temos influência efetiva naquela região. Não temos poder militar ou mesmo presença economica expressiva por lá. Então, temos apenas nossas credenciais, de um país emergente, com uma crescente projeção internacional e um histórico diplomático de seriedade e equilíbrio. E nada mais.

Logo, quem tem a ganhar com esse encontro, entre os presidentes Lula e Ahmadinejad, é o Irã e não nós. Se aqui, ao nosso lado, no conflito entre Colombia e Venezuela, não conseguimos por ordem na casa, que dirá lá, aonde potências como os EUA, Russia, China etc não vem tendo sucesso.

Por trás da posição do Brasil em relação ao Irã, está o desejo do governo Lula de alcançar a tão desejada cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Como resultado, podemos ficar mais distantes dela e de quebra, arranhar nossa credibilidade externa.