Geraldo, um Novo Recife não começa com Velhos Hábitos | Raul Jungmann

Geraldo, um Novo Recife não começa com Velhos Hábitos

Tinha prometido a mim mesmo que ia dar um tempo por aqui, mas para algumas coisas não consigo passar batido.
Na sexta-feira da semana passada foi anunciado o secretariado de Geraldo Julio. Assim como todos os outros grupos, temos alguns nomes bons e outros ruins.
Getúlio Vargas costumava dizer que entre homens de Governo, metade não é capaz de nada, e a outra metade é capaz de tudo.
 

Geraldo, um Novo Recife não começa com Velhos Hábitos
 
Por Blog Acerto de Contas 
Tinha prometido a mim mesmo que ia dar um tempo por aqui, mas para algumas coisas não consigo passar batido.
Na sexta-feira da semana passada foi anunciado o secretariado de Geraldo Julio. Assim como todos os outros grupos, temos alguns nomes bons e outros ruins.
Getúlio Vargas costumava dizer que entre homens de Governo, metade não é capaz de nada, e a outra metade é capaz de tudo.
Em meio aos nomes, chamou a atenção a indicação do ex-Reitor da UFRPE, Valmar Correa, para ser Secretário de Educação do Recife.
A despeito de ter sido um péssimo reitor, com várias obras inacabadas e expansão irresponsável da Universidade (sem a menor condição de funcionamento em alguns lugares), lembrou o vereador Raul Jungmann que se tratava de um cidadão ficha suja.
Explica-se: Valmar Correa teve as contas de 2002 rejeitadas, por ter repassado recursos sem licitação para a fundação da Universidade. E no Recife há uma Lei que impede os inelegíveis de assumirem cargos comissionados.
Em sua defesa, Valmar alega que se elegeu e se reelegeu Reitor depois disso. Usa a mesma estratégia do “cheque em branco” passada por um grupo de eleitores.
Para começar, alhos nada tem a ver com bugalhos.
A eleição de Reitor é apenas uma consulta, e mesmo que fosse, em 2008 não havia a Lei da Ficha Limpa.
Vale salientar que também circula relatórios de outros anos, ainda em processo de recurso, condenando Valmar novamente.
Valmar também alega que ele não é inelegível.
Realmente, ele não é porque nunca foi candidato a nada. Se fosse, teria que entrar com um recurso junto ao Tribunal para poder concorrer, e aí sim saberia se é ou não inelegível.
Independente da sujeira de sua ficha, o que chama a atenção é a postura claudicante de Geraldo Julio.
Ao invés de rever a indicação, ou mesmo abrir o debate, resolve vir com a seguinte explicação: “este assunto já está superado, o secretário se explicou”.
Em outras palavras: “não importa se é ou não ficha-suja, eu tenho poder e vou deixá-lo aqui”.
Ao ver que Jungmann não deixou por menos e correu atrás, resolveu fazer uma consulta para tentar dar uma explicação jurídica para defender Valmar.
Ora, a questão não é apenas jurídica, mas política e ética.
Valmar Correa é um cidadão que teve contas rejeitadas, isto mesmo, REJEITADAS, no Tribunal de Contas da União, responde a vários processos na Justiça Federal e está na iminência de ter outras contas rejeitadas.
E quer dizer que nas mãos deste cidadão estará 25% do orçamento da cidade do Recife e todos nós somos obrigados a deixar para lá?
 Esta mesma postura vacilante, em defesa do “jeitinho”, é que levou Recife a esta situação absurda, onde construtoras arrumam um “jeitinho” na lei para fazer o que quiser, onde a Prefeitura faz vista grossa para as irregularidades cometidas pelo comércio informal, e por aí vai.
Este jeitinho não combina com seu discurso em defesa da correção pública.
Mais preocupante ainda é ver que este discurso sai da boca de um prefeito que é técnico do Tribunal de Contas, e que tem por obrigação zelar pelas contas públicas e pelo processo burocrático correto.
Isso sem falar em gente ligada à João da Costa assumindo secretarias, ou ainda estranhos interesses pairando no ar, com fornecedores virando secretários, na curiosa história do festeiro Caldeirão e a “Nova” Secretaria de Turismo.
Mas esta é uma história que vou deixar mais para a frente, já que não parece ser pouca coisa.
Geraldo Julio já começa mal….muito mal.
Até porque um “Novo Recife” não começa com velhos hábitos.