A estranha relação de João da Costa com o Projeto Novo Recife
Raul Jungmann
Em uma movimentação estranha e indevida, o Prefeito João da Costa tenta a todo custo aprovar um projeto para a área do Cais José Estelita sem discutir com o restante da cidade os rumos para a última grande área disponível para construção próxima ao Centro do Recife.
A estranha relação de João da Costa com o Projeto Novo Recife
Raul Jungmann
Em uma movimentação estranha e indevida, o Prefeito João da Costa tenta a todo custo aprovar um projeto para a área do Cais José Estelita sem discutir com o restante da cidade os rumos para a última grande área disponível para construção próxima ao Centro do Recife.
Chama a atenção não apenas a “pressa” do Prefeito, mas também a falta de planejamento urbano que toma conta do Recife desde que o PT assumiu a Prefeitura. Para quem não se lembra, a área em frente à Estação Joana Bezerra era um imenso descampado antes da gestão petista, e seria hoje estratégica para o desenvolvimento da cidade caso não tivesse sido invadida sem o menor planejamento ou intervenção por parte do Poder Público.
Em relação à área que se propõe a fazer o projeto Novo Recife, há uma clara mobilização da sociedade recifense, que quer não apenas discutir os rumos do espaço, mas impor um ciclo de debates sobre o planejamento urbano, já que Recife está vivendo de projetos isolados do mercado imobiliário, esquecendo que uma cidade deve ser um conjunto harmônico de interesses, não apenas de unidades residenciais, mas de um conjunto de serviços que interessam às pessoas, já que é visível a perda de qualidade de vida recente em nossa cidade.
A verdade é que desde que João da Costa foi preterido em disputa interna de seu partido, a cidade se tornou um verdadeiro cenário de desordem urbana, com interesses menores tomando conta de todos os lugares, seja de construtoras ou de pequenos comerciantes informais. Basta dar uma volta pelo Centro do Recife para saber do que estou falando. O comércio informal tomou conta das ruas de tal forma, que fica difícil reconhecer se há algum Poder Público estabelecido.
Agora, tentando fechar seu ciclo nefasto, nosso ex-Prefeito em atividade resolve aprovar a todo custo um projeto sem discussão com o conjunto da cidade, cometendo os mesmos erros de falta de planejamento que tanto tem custado à nossa capital.
Ao que me consta, à semelhança do que ocorre no Jardim Beira-Rio, não há qualquer estudo do impacto ambiental e de vizinhança de um mega-projeto como o que propõe o setor imobiliário para aquela área. Lembremos que além de uma área estratégica para a cidade, o Cais José Estelita é também próximo ao histórico Bairro de São José, e guarda a memória do setor ferroviário.
Como bem disse o Professor Leonardo Cisneiros sobre este projeto: “ao invés de ser encarado como um meio para abrir o caminho da construção de uma cidade melhor para todos, com mais qualidade de vida e justiça social, se torna (o Projeto Novo Recife), ao contrário, quando tomado como um fim em si mesmo, um mecanismo para enterrar oportunidades”.
Faço aqui um apelo ao Prefeito eleito Geraldo Júlio, que se manifeste contrário a esta aprovação açodada do Projeto Novo Recife, mostrando que dia 31 o mundo pode até acabar para João da Costa, mas que os cidadãos recifenses merecem o mínimo respeito.