Do Diario de Pernambuco
Quem caminha pelo calçadão de Boa Viagem já deve ter se deparado com algum dos seis postos salva-vidas localizados na área do passeio. O posto 10, por exemplo, fica ao lado de um semáforo, distante cerca de 150 metros da linha d’água. Difícil imaginar um bombeiro usando o equipamento e se deslocando até o mar para efetuar um salvamento com tantos obstáculos pela frente. Nem sempre foi assim. Quando foram instalados na década de 40, tudo aquilo era areia. Com a requalificação da orla na década de 80, parte deles acabou ficando no calçadão. Há mais de 10 anos, o Corpo de Bombeiros não utiliza esses equipamentos. Estão obsoletos. Dos 14 que existiam na orla, só restam os seis localizados no calçadão. Foram recuperados para preservar a memória. Os outros, que se encontravam em péssimo estado de conservação, foram removidos e não têm substituição prevista dentro do Projeto Orla. Ou seja, são oito quilômetros de litoral e nenhum equipamento de posto salva-vidas em funcionamento. Isso em uma das praias mais procuradas do Nordeste.
Os bombeiros utilizam cadeiras na praia. Perdem em visualização. Não só eles. A própria população pode ter dificuldades para localizá-los. No ano passado foram registrados 523 afogamentos com quatro mortes e 200 crianças perdidas. De acordo com o comandante do Grupamento de Bombeiros Marítimo (Gbmar), Josualdo Moura, cerca de 30 homens trabalham na orla de Boa Viagem. “Um posto salva-vidas ajudaria muito na visualização. Aumenta a vista para a praia. Oferece uma visão de 360 graus. Dá mais segurança aos banhistas. Mas é preciso, também, que o banhista respeite os limites do mar”, destacou.
A remoção dos antigos posto salva-vidas ocorreram de forma gradativa. Pouca gente percebeu que eles já sumiram da paisagem de Boa Viagem e Pina. Foram derrubados os postos de nº 11, 13, 9, 8, 6, 5,4, 3 e 1. Na época do anúncio do Projeto Orla a Prefeitura o Recife chegou a anunciar que todos seriam recuperados. No entanto, os próprios bombeiros disseram que melhor do que recuperar seria substituí-los. O que não foi feito. De acordo com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura do Recife, a responsabilidade pelos equipamentos salva-vidas é do Corpo de Bombeiros. A corporação rebate. “Os convênios com as prefeituras é para fornecer a mão-de-obra especializada. O poder executivo é quem oferece a infraestrutura”, afirmou o tenente-coronel Valdy Oliveira, da divisão de comunicação dos Bombeiros.