O esquecido alerta da Copenhague para o Recife | Raul Jungmann

O esquecido alerta da Copenhague para o Recife

 Por: Mário V. Guimarães, no Diário de Pernambuco

Alguém aqui em Recife viu ou ouviu algum pronunciamento das tais ´autoridades competentes` nos seus três niveis governamentais?

Propositadamente deixei passar um ano, desde 18/12/09, para fazer uma análise das reaçõesdas nossas chamadas ´autoridades competentes`, ante a chocante noticia que nos foi trazida de Copenhague pelo dep.Raul Jungmann, impactado pelo que viu no Congresso Ecológico Mundial,onde representava o nosso pais: a nossa Recife estava citada oficialmente em 18º lugar, como provável vítima de uma desastrosa tragédia ecológica causada por transtornos da natureza.

Alguém aqui em Recife viu ou ouviu algum pronunciamento das tais ´autoridades competentes` nos seus três niveis governamentais? O que naquela noticia significava para nós e suas consequencias? Confesso que não me consta qualquer reação oficial. Passou em branco.

Foi quando li no nosso DP do domingo 14/3 , oportuna reportagem da jornalista Júlia Kacowicz, sob o título ´Leis para lidar com a Natureza`, na qual ela também revela preocupações com o tema, informa sobre uma ação da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente que estaria estudando o assunto, mas direcionando-o para medidas preventivas de combate a desertificação, aos efeitos de mudanças climáticas e gestão costeira. Rogo que ajude, mas o nosso problema crucial e que muito pouca gente sabe, é que a cidade do Recife está abaixo do nível do mar. Ai está o perigo que ninguém fala.

Como vemos , é uma omissão secular dos nossos administradores dos três níveis, repito. Que me conste, apenas um prefeito, o Sr.Joaquim Francisco, andou namorando o problema.

Digo isto porque em uma das suas administrações, ouvi-o dizer em uma reunião social onde o tema foi abordado, que estava ciente da situação mas que abandonou-o porque apresentaram-lhe uma estimativa de vários milhões de dólares para corrigi-lo, totalmente incompatível com os recursos municipais.

Como pertinente, lembro-me ainda de um artigo no DP, de um arquiteto recifense condenando vigorosamente todas as construções existentes e vindouras na Ilha do Leite e adjacências, dizendo ele que ´nãonos iludíssemos, pois um dia o rio voltará atrás do que é seu`. Estão lembrados de 1975?

A Internet também tem nos alertado. E-mail de procedência internacional, recebido aqui por inúmeras pessoas entre 2005/2006, dizia que uma ilha portuguesa na costa africana estava em processo de afundamento, fato que iria gerar um maremoto com ondas de 10 metros de altura que atingiriam Fernando de Noronha e dali toda a costa norte brasileira da Paraíba até Miami.Não sei se é um mal ou um bem não darmos crédito a essas informações, mas sucede que as fontes que as divulgam são idôneas.Ainda recentemente, no DP de 29/11, o cientista brasileiro Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College (USA), afirmou solenemente que ´se o mar subir só um pouco, a praia de Boa Viagem irá acabar`.

Paulista, Olinda e Jaboatão há muito tempo pedem socorro,deante de fatos. Infelizmente porém, as prioridades são outras: uma fértil arrecadação do IPTU e os bons lucros dos amigos empreiteiros.

E o povo? Ah, isto é assunto só para palanques!

*Mário V. Guimarães é médico