Mata Atlântica luta pela sobrevivência | Raul Jungmann

Mata Atlântica luta pela sobrevivência

O que já foi o segundo maior bioma da América do Sul se resume, hoje, a 7% de sua cobertura original, mas ainda abriga uma invejável biodiversidade

A terra em que “se plantando tudo dá”, a que se referiu Pero Vaz de Caminha ao desembarcar no que viria a ser o Brasil, era o bioma Mata Atlântica.

Originalmente, seu exuberante território estendia-se por 1,3 milhão de quilômetros quadrados, nas áreas litorâneas desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul.  Era o segundo maior bioma do continente, depois da Amazônia.

Hoje, restam apenas 7,3% da cobertura florestal original da Mata Atlântica, a quinta área mais ameaçada do planeta.  Ainda assim, é uma das mais ricas em espécies endêmicas – ou seja, que só ocorrem ali – em todo o mundo. 

Atualmente, a Mata Atlântica abriga 261 espécies de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios, sendo que 567 espécies só ocorrem nesse bioma. Sua flora é representada por cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais oito mil são endêmicas.

A quase completa destruição da Mata Atlântica deveu-se à superexploração.  Inicialmente para a extração do pau brasil, seguida da agricultura da cana de açúcar e café, implantação da pecuária, exploração de ouro, depois madeira, carvão vegetal, produção de papel e celulose e assim por diante. 

Hoje, a Mata Atlântica agoniza na região de maior desenvolvimento do país, e ainda é responsável pela produção e conservação de recursos hídricos para abastecer a quase 110 milhões de brasileiros.

Apesar de sua visibilidade e da presença mais ostensiva do Estado em seus domínios – ao contrário da Amazônia, onde o Estado praticamente inexiste em várias regiões – a Mata Atlântica segue seriamente ameaçada e ainda sofre com o desmatamento.

Relatório parcial divulgado recentemente pela SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais revela que, de 2008 a 2010, a devastação do bioma foi de quase 21 mil hectares.