Por Osvaldo Matos de Melo Júnior*
Nos últimos dias o Brasil foi bombardeado pela veiculação de propaganda gratuita do PT com a candidata Dilma chamando a atenção de todos para o avanço do consumo do crack. Uma semana antes, Serra anuncia a criação do ministério da segurança pública e também chama para si a determinação de combater de forma determinante o consumo e tráfico de drogas e o poder dos traficantes. Os primeiros trabalhos e pronunciamentos do novo secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, deixam bem claro as suas prioridades e experiência de policial operacional e conhecedor da realidade das ruas. A imprensa de todo o Brasil vem de forma arrojada e competente, desde o começo do ano, alertando quase que diariamente, através de suas matérias, programas jornalísticos e reportagens especiais sobre o crack e seus efeitos desastrosos na sociedade.
Finalmente a mobilização é geral para conter o avanço deste mal. E isso vale para todos nós, que desejamos paz, desenvolvimento e qualidade de vida. Chamo atenção para que além de ter como meta combater o crack, nossas autoridades, atuais e futuros governantes e legisladores, devem também olhar com mais atenção e cuidados os que saem do sistema penal e voltam a cometer crimes diversos, às vezes até formando quadrilhas que unem os diversos talentos para prática criminosa, cada vez mais de forma organizada e antenada com os interesses dos traficantes.
Todos que estudam a questão da violência, ou até aqueles que acompanham o noticiário com mais atenção, sabem que a grande maioria dos crimes cometidos em nosso estado tem ligação com o crack e com reicidentes. Focando no combate e prevenção destes dois problemas, e motivando as polícias, os gestores públicos vão conquistar grandes vitórias contra a violência.
Os vapores do crack vão para os pulmões e são transportados para a corrente sanguínea mais rapidamente, oferecendo maior rapidez nos efeitos psicotrópicos. O crack vicia na primeira vez, vai matando muito mais rápido, torna as pessoas mais violentas, a necessidade de consumo é muito maior que as outras drogas e a cura é muito mais difícil. Por ser muito mais barato que a cocaína, o crack é uma arma poderosa nas mãos dos traficantes, porque alcança classes econômicas antes não atingidas pelo alto custo da cocaína em pó, principalmente crianças e jovens.
É essa terrível droga com seus efeitos deletérios que está se alastrando entre os usuários, fazendo de Pernambuco um dos maiores consumidores de crack do País.
Pelo seu baixo custo e seu alto poder de dependência, o crack já virou moeda forte no submundo do crime, pois ela é trocada por aluguel e compra de armas, celulares, relógios, carros, peças, equipamentos eletrônicos, dicas de locais para roubos e furtos, sequestros, extorsão, prostituição, abuso sexual contra crianças, pagamento a menores por pequenas ações criminosas e o que mais possa virar lucro na mão dos traficantes que sempre contam com o apoio e expertise dos criminosos experientes e da impunidade ao jovem infrator, muitos deles viciados, que saem do sistema prisional sem conseguir participar de um verdadeiro e competente programa de ressocialização, funcionando como grande força para alavancar a indústria do crack.
O que, efetivamente, reduzirá a violência, a curto e médio prazos, são ações de inteligência aliadas a um amplo trabalho de policiamento ostensivo e repressivo para não dar descanso aos traficantes atrapalhando e sufocando o comércio da droga e sem esquecer de remunerar cada vez melhor, equipar e criar boas condições de trabalho para os policiais civis e militares.
Também seria muito importante unir o governo estadual e as prefeituras, através dos conselhos municipais, lideranças comunitárias e da população em geral, pois somente com o apoio da população poderemos expurgar esse mal que aflige famílias de todas as classes sociais.
Não existe milagre para combater as drogas e, é bom que fique claro, que quem sustenta o traficante e alimenta esse movimento insano de violência são os usuários de drogas, pois negócio nenhum se sustenta sem mercado consumidor.
Queria chamar atenção e pedir o engajamento de todos os colegas empresários de comunicação para que, juntos e com apoio de toda mídia impressa, eletrônica, outdoor, indoor, na internet e alternativa, possamos criar, produzir e veicular uma campanha de grande impacto aproveitando o máximo de cada veículo, sempre utilizando mensagens fortes que mostrem os verdadeiros danos do crack na nossa sociedade, e assim oferecer a contribuição de todo o mercado de comunicação à causa da paz em Pernambuco e a vontade do novo secretário em acertar em cheio no alvo do combate a violência.
As campanhas de prevenção são de extrema importância e se transformam em uma arma de grande efeito contra os traficantes, pois a população começa a ter mais cuidado e prestar mais atenção aos seus filhos e também ter um comportamento mais efetivo na prevenção e denúncia dos pontos de venda, apoiando o trabalho policial. Não vamos esquecer também de olhar um pouco para o sistema prisional e melhorar as suas condições internas e os programas de ressocialização e de reintegração social.
Profissionais da comunicação, empresários e todos os pernambucanos, vamos dar as mãos e abraçar esta causa, pois nossa família e amigos também podem ser vitimas deste monstro de grandes tentáculos.
*Publicitário, sociólogo, especialista em marketing e comércio exterior.