Milhares de pessoas acompanharam a procissão e a missa que encerraram a festa da Virgem da Conceição, no Recife. Arcebispo pediu aos fiéis solidariedade. O Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, vestiu-se de azul e branco, durante todo o dia de ontem, numa reverência a Nossa Senhora da Conceição.
Uma prova de fé que ocorre há 106 anos. Desde as primeiras horas da manhã, pagadores de promessa de todas as idades ignoraram o sol forte e subiram o morro para retribuir as graças alcançadas ao longo dos anos e renovar os pedidos. Tinha de tudo. Gente andando de costas, nadando no asfalto quente, recém-nascidos cobertos com mantos e idosos com tijolos na cabeça.
Amparada por duas muletas e com muita dificuldade para se locomover, Severina Francisca da Silva, 59 anos, conseguiu chegar aos pés da santa mais popular do Recife depois de duas horas. “Fiz uma operação de fêmur muito complicada. Fiquei 45 dias sem colocar o pé no chão. Pensei que nunca mais voltaria a andar. Subiria novamente sem nenhum problema.” Severina também pagava a promessa que fez para o filho. “Ele nasceu muito fraco e doente, mas Nossa Senhora da Conceição colocou a mão na cabeça dele e deu tudo certo. Primeiramente Jesus e, depois, Nossa Senhora”, afirmou.
Várias pessoas arrastaram-se de joelhos pela principal ladeira, depois de subir e descer o morro com netos e filhos nos braços. A compra da casa própria e o emprego eram os pedidos mais frequentes dos devotos.
Levavam de tudo para agradecer à santa: flores, mortalhas, roupas novas e usadas e até dinheiro. O pedreiro Amaury José Gomes, 44 anos, sobe o morro nadando no asfalto há 14 anos. Ontem não foi diferente. Muitos fiéis o acompanharam e fizeram um cordão de isolamento humano para o proteger da multidão. Ele iniciou o percurso pouco depois das 6h e chegou ao pé da santa sob aplausos. Vários torcedores com camisas dos times pernambucanos também foram pedir dias melhores, principalmente os torcedores do Santa Cruz. Rafaela Cristina, 21, levou a filha de cinco meses, toda vestida de azul, para conhecer a santa milagrosa. “Eu já tinha vindo uma vez. Agora, venho todo ano para agradecer a ela pela saúde da minha filha.”