Com o Top Top é assim: ou mãos sujas de sangue ou nada | Raul Jungmann

Com o Top Top é assim: ou mãos sujas de sangue ou nada

Por Reinaldo Azevedo – “Se Honduras participar, pelo menos dez presidentes latino-americanos não irão a Madri, a começar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. A afirmação é de Marco Aurélio Garcia, endossando ameaça feita ontem por Rafael Correa, protoditador do Equador e notório amigo dos terroristas das Farc.

Ele ocupa, no momento, a presidência da tal Unasul. A Espanha havia convidado o presidente legítimo de Honduras, Porfírio Lobo, para a Cúpula da União Européia com América Latina e Caribe.

Lula é hoje o único governante de um país relevante que se opõe a qualquer forma de pressão contra Mahmoud Ahmadinjead, presidente do Irã, notório financiador de terroristas. Rejeita novas sanções contra o país porque diz preferir o diálogo. Mas lidera a pressão de bandoleiros da América do Sul contra o governo hondurenho.

Porfírio Lobo foi escolhido pelo povo em eleições diretas, segundo a Constituição democrática do país, com os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público no pleno gozo de suas prerrogativas. Para reconhecer o governo de Honduras, Lula e outros “democratas” latino-americanos exigem a volta de Manuel Zelaya e a restituição de seus “direitos políticos”, cassados, segundo a Constituição, porque tentou dar um golpe à moda bolivariana. Isso não depende só de Porfírio. Há outros Poderes em Honduras.

Os grandes aliados de Lula nessa cruzada são Raúl Castro, Daniel Ortega, Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. No critério “mãos sujas de sangue”, a diferença entre Porfírio e o grupo é que as do presidente hondurenho estão limpas. Há ali assassinos amadores, em fase de profissionalização e ao menos um homicida profissional: Raúl. Esses são os aliados de Lula.

O boicote que o Brasil comanda contra Honduras serve para iluminar a sinceridade de Lula e do Itamaraty quando afirmam que a posição (de quatro) do Brasil diante do Irã é um convite ao diálogo. Por que não aceitam conversar com a pequenina Honduras?

O Brasil já mobilizou Miguel Ángel Moratinos, chanceler espanhol, que deu declarações bastante infelizes durante a crise hondurenha, para desfazer o imbróglio. A Espanha tenta negociar a volta de Zelaya para ver se consegue manter o convite a Honduras e desarmar os espíritos dos “democratas” sujos de sangue da América Latina. Como o prazo é exíguo, o mais provável é que Honduras seja desconvidada.

Será a grande vitória da política externa brasileira em oito anos: impedir Honduras de participar de uma reunião de cúpula!

Seriam asquerosos se não fossem patéticos!