Chávez teria sido mentor da volta de Manuel Zelaya | Raul Jungmann

Chávez teria sido mentor da volta de Manuel Zelaya

Do Jornal do Commercio – PE

Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Itamaraty trabalham com a informação de que a infraestrutura e a logística para o retorno clandestino de Manuel Zelaya a Honduras tiveram a participação do presidente venezuelano, Hugo Chávez. O líder venezuelano teria até mesmo aconselhado Zelaya a procurar a embaixada brasileira.

De acordo com fontes nos Palácios do Planalto e do Itamaraty, Chávez considerou que a embaixada brasileira seria o local mais seguro para Zelaya. Por essas informações, Chávez teria dito a Zelaya que as embaixadas da Venezuela, do México, da Costa Rica e de El Salvador, entre outras, poderiam ser atacadas pelas forças do governo de fato.

A representação diplomática do Brasil, ao contrário das outras, ofereceria toda a segurança para o abrigo do presidente deposto, pois o governo do presidente Lula está à frente das pressões para que o poder seja devolvido a Zelaya. Além do mais, a posição brasileira tem o apoio integral dos Estados Unidos, que não reconhecem o governo interino.

Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o envio nos próximos dias a Honduras de missão de parlamentares para acompanhar os desdobramentos da presença de Zelaya na embaixada. A Comissão Externa, criada ontem e composta por seis parlamentares, avalia a possibilidade de viajar em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Como os aeroportos hondurenhos se encontram fechados, o grupo estuda adentrar o país através da Guatemala.

“Estamos tentando abrir um diálogo com o Congresso de Honduras para possibilitar nossa ida até lá. Mas é muito difícil”, afirmou o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que coordena a comissão. Jungmann explicou os motivos da viagem. Para viabilizar a missão, os deputados viajarão com passaporte emitido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), uma vez que o Brasil não reconhece o governo golpista de Honduras.

Na manhã de ontem, outro grupo de deputados participou de ato em apoio ao retorno de Zelaya ao poder, em frente à embaixada hondurenha em Brasília.

Na Argentina, movimentos sociais e partidos realizaram ontem manifestação de apoio a Zelaya e a Lula, em frente à embaixada do Brasil em Buenos Aires.

Na Nicarágua, o chefe do Exército, general Omar Hallesleven, declarou ontem que seu país “não mobilizou tropas na fronteira com Honduras devido à intensificação da crise política (em Honduras) após o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya”.

O presidente Daniel Ortega “foi enfático e o comando militar da Nicarágua foi claro e preciso em confirmar que esta instituição não destacou nem um só homem nem uma pequena unidade para a fronteira com Honduras, nem sequer para resolver assuntos internos nossos”, indicou Hallesleven.

A instrução para as unidades militares da Nicarágua é de “normalidade”.