Após teste final em usina nuclear, Irã admite que sanções podem atrasar programa nuclear | Raul Jungmann

Após teste final em usina nuclear, Irã admite que sanções podem atrasar programa nuclear

O chefe do programa nuclear iraniano, Alí Akbar Salehi, admitiu nesta quarta-feira (7) que as sanções impostas ao país podem atrasar o desenvolvimento do programa nuclear. Segundo ele, em declaração à agência Irna, as sanções podem “atrasar o trabalho, mas não vão parar as atividades”.

O chefe da Organização de Energia Atômica da República Islâmica afirmou também que a primeira usina nuclear do Irã deve ser lançada até o fim de setembro, após a realização de um teste final no reator.

A declaração de Ali Akbar Salehi, feita no local próximo à cidade portuária de Bushehr, sugerem que uma disputa entre Teerã e Moscou iniciada em maio sobre a imposição de novas sanções da Organização das Nações Unidas contra o Irã não causou atrasos no projeto.

“Alcançamos o ponto sem volta e o caminho está aberto para que o reator comece a funcionar”, disse Salehi. “Hoje houve o último teste nuclear da usina antes de seu comissionamento e foi realizado com sucesso”, completou. “Nós completamos uma das fases mais importantes do ‘ensaio quente’, que é o teste final antes do lançamento da planta.”

Na semana passada, Salehi elogiou a participação de especialistas russos na cooperação das atividades da usina. “Estamos satisfeitos com a cooperação dos russos. Agora são 3 mil especialistas do país [Rússia] que trabalham na fábrica”, disse.

De acordo com a agência Irna, a usina tem capacidade instalada de mil megawatts (MW) e começou a ser construída em meados da década de 1970 pela Siemens da Alemanha. Mas o projeto foi abandonado no período da Revolução Islâmica, em 1979. Depois de um acordo de cooperação nuclear firmado em 1992, Irã e Rússia assinaram, em janeiro de 1995, contrato para concluir a construção da usina que, segundo informou a agência oficial da China, Xinhua, tem sido repetidamente adiada. Os atrasos, no entanto, têm perseguido o projeto de US$ 1 bilhão.

A entrada em operação da usina de Bushehr ocorre em um momento delicado da política externa do Irã. O país está submetido a uma série de sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU e pelos Estados Unidos, União Europeia e Canadá.

Para parte da comunidade internacional, o programa nuclear iraniano prevê a produção de armas atômicas. O governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nega essa intenção. Segundo ele, o programa nuclear do país tem fins pacíficos e um dos objetivos é a produção de medicamentos. O Brasil apoia a busca por um acordo com Irã e condena as sanções internacionais.

* Com informações das agências internacionais e Agência Brasil