Toque de recolher não impede saques após tremor no Chile; polícia prende 55 | Raul Jungmann

Toque de recolher não impede saques após tremor no Chile; polícia prende 55

O toque de recolher e a presença de cerca de 10 mil militares na região de Maule e na cidade de Concepción não foram suficientes para impedir a onda de saques contra lojas e supermercados dois dias depois do terremoto de magnitude 8,8 que matou ao menos 711 pessoas e deixou milhares de prédios danificados.

Segundo a imprensa chilena, 55 pessoas foram presas por violar o toque de recolher, imposto das 21h deste domingo às 6h desta segunda-feira justamente para evitar o roubo não apenas de comida e água, mas de eletrodomésticos e outros bens.

Segundo o jornal on-line “El Mercúrio”, vários grupos aproveitaram a madrugada para assaltar moradores do setor de Laguna Redonda, no limite entre Concepción e Talcahuano.

O jornal, que cita algumas das vítimas dos roubos, os ladrões vieram de outras regiões e entraram nas casas abandonadas para realizar pilhagem. Eles ainda ameaçaram vizinhos com armas de fogo.

Os roubos foram registrados ainda em outras cidades afetadas pelo terremoto, como Renca, Quilicura, Maipú e Lo Espejo, onde a polícia conseguiu frustrar apenas parte dos assaltos.

Proprietários de pequenos negócios, afirma o “El Mercúrio”, passaram a noite com velas em suas lojas para tentar evitar os saques.

O subsecretário do Interior, Patricio Rosende, afirmou, contudo, que a noite “foi tranquila” em Concepción e que se registraram apenas “focos menores” de desordem.

Rosende disse ainda, em entrevista à radio Cooperativa, que sobe para 160 o número de pessoas presas na região durante as últimas horas, por diversos delitos.

Os detidos devem se apresentar aos tribunais correspondentes ainda nesta segunda-feira.

O subsecretário disse ainda que viajará ba tarde desta segunda-feira à região de Maule para conhecer a situação da região após o terremoto.

Réplicas

Três novas replicas de mais de 5 graus de magnitude na escala aberta de Richter atingiram na noite deste domingo as regiões do Maule e de Bío-Bío, as duas áreas mais castigadas pelo terremoto da véspera, segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Os dois tremores mais potentes, de 5,8 e 5,4 graus, foram registrados às 22h10 e 23h44 respectivamente, a 95 e 30 quilômetros de Talca, na região do Maule. O epicentro do primeiro foi localizado a 35 graus latitude sul e 72,6 graus longitude leste, a 26 quilômetros de profundidade sob o nível do mar. Enquanto o segundo foi localizado a 35,1 graus latitude sul e 71,7 graus longitude leste, a 42,6 quilômetros de profundidade sob o nível do mar.

Um terceiro tremor, de 5,1 graus, foi registrado às 0h07, a 80 quilômetros de Chillan, na região de Bío-Bío. Seu epicentro foi localizado a 36,1 graus latitude sul e 72,7 graus longitude leste, a 40 quilômetros de profundidade sob o nível do mar.

Emergência

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou neste domingo um plano de emergência para ajudar os dois milhões de desabrigados pelo terremoto e declarou zona em estado de catástrofe as regiões do Maule e de Bío-Bío.

Equipes de resgate atuam com cautela por receio dos novos tremores. Mais de noventa terremotos de magnitude 5 ou maior atingiram a região após o tremor de sábado.

Além dos mortos, cerca de 500 mil casas foram destruídas, de acordo com a presidente. ‘Estamos enfrentando uma catástrofe gigantesca, que irá exigir um esforço de recuperação gigantesco’, disse Bachelet, após encontro com ministros e militares no palácio La Moneda.

Bachelet, que deve deixar a Presidência em 11 de março, anunciou que o país irá aceitar a ajuda oferecida por vários países. Ontem, o presidente americano, Barack Obama, disse que o Chile é um “amigo próximo” e que os EUA estão “prontos a ajudar”.

Segundo a presidente, o país necessita com urgência de hospitais móveis, plantas de purificação de água e especialistas em análise de danos. Ela também pediu o envio de mais homens para as equipes de resgate e para os esforços de reconstrução após o tremor.