90% da maconha produzida no Paraguai vai para o Brasil | Raul Jungmann

90% da maconha produzida no Paraguai vai para o Brasil

Delegações de 91 países se reúnem a partir desta terça-feira (27) no Rio de Janeiro para a 27ª International Drug Enforcement Conference (IDEC), organizada pela Polícia Federal (PF) e pela Drug Enforcement Administration (DEA), agência antidrogas dos Estados Unidos. O evento termina nesta quinta-feira (29).

Na abertura da conferência, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, destacou a importância da cooperação nos blocos regionais e da corresponsabilidade no combate ao tráfico de drogas. Ele citou o exemplo do Paraguai: o destino de 90% da maconha produzida no país vizinho é o Brasil. “Somos corresponsáveis. Temos reforçado a soberania paraguaia”, afirma o diretor-geral da PF, além de destacar que nos últimos dois anos 2,3 toneladas provenientes daquele país deixaram de cruzar a fronteira brasileira.

Questionado sobre as estratégias de combate ao crack, cujo consumo se alastra rapidamente por diversas regiões do Brasil, Corrêa sustenta que a droga é o resultado de um forte controle dos insumos utilizados na produção da cocaína. Feito a partir da folha de coca, o crack é um subproduto da cocaína. “Paradoxalmente, o crack é um sinal de sucesso das políticas de combate às drogas”, argumenta.

Michele Leonhart, representante do DEA, lembra que o crack já foi considerado “epidêmico” nos EUA, entre meados dos anos 80 e o início da década de 90. Mas a representante DEA diz que o Brasil pode ficar otimista, ressaltando que os americanos conseguiram controlar o problema.

Leonhart revela que, atualmente, o consumo de cocaína entre os adultos americanos atinge os mais baixos índices em 30 anos. Ela destaca os pilares de um combate eficiente ao narcotráfico: rigor da lei, trabalho ostensivo, prevenção, tratamento e enfoque médico de saúde pública. No entanto, a administradora do DEA ressalva que nos EUA hoje morrem mais pessoas devido ao uso de drogas do que vítimas de armas de fogo.

Corrêa reforça a importância do intercâmbio de inteligência entre polícias do mundo inteiro. “O mundo globalizado exige canais rápidos de troca de informações”.

Passagem relâmpago

Em breve passagem pelo hotel na Barra da Tijuca, onde é realizada a conferência, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ressalta que atualmente a segurança pública não deve mais ser vista como uma questão de repressão, mas de fortalecimento de um Estado democrático de Direito.

“Todas as comunidades da Tijuca serão pacificadas”, afirma o governador ao se referir às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Nesta quarta-feira (28), a polícia dará início às operações para o controle do Morro do Borel, no bairro da Tijuca, zona norte. A sétima UPP foi inaugurada nessa segunda-feira (26), no Morro da Providência, zona central da cidade.

Segundo Cabral, 12% da população moradora de favelas na cidade do Rio de Janeiro já está sendo beneficiada com a política de pacificação. O governador promete que até o final do ano esse índice suba para 30%.

Tradução: Diretor-geral da PF