O PPS, as eleições no Recife e a unidade das oposições | Raul Jungmann

O PPS, as eleições no Recife e a unidade das oposições

*Por Raul Jungmann
Diante do atual quadro político com o qual se defrontam as oposições no Recife, o nosso partido tem duas linhas de ação, articuladas e sequenciadas, definidas interna e nacionalmente.Derrotar o atual bloco de forças que se articula nos planos nacional, estadual e local é a óbvia prioridade para o PPS. Nossa meta é a busca de um candidato unitário e que aglutine a todos nós numa proposta vencedora.

 
Isto quer dizer que o PPS terá candidatura própria, se e somente se, as oposições não se unirem em torno de um único palanque. Ou se esta “unidade una”, nota bene, não venha a ser a melhor estratégia para o conjunto enfrentar o governo.
 
É isso que temos pregado qual um mantra, incansavelmente. E não apenas pregado.
Quando propusemos a Mesa da Unidade/MDU, estávamos praticando, agindo, na direção do que pregávamos. E, até aqui, a MDU tem sido um sucesso, dada a consciência coletiva dos seus membros e o alto nível de maturidade alcançado.
 
Aliás, é engraçado ver diariamente na imprensa o obituário da Mesa, em razão dela abrigar diversas candidaturas que, pelo simples fato de existir, a colocam em crise permanente.
Pois é justamente da existência das múltiplas candidaturas que a MDU existe! Se elas não existissem ou tivéssemos nós apenas um candidato desde já, para que a Mesa?! Aliás, para que unidade?… Afinal, o que é uno é idêntico a si mesmo.
 
Daí que a MDU pode chegar viva até as eleições. Tudo dependerá da melhor estratégia a seguir do nosso lado. Mas ela pode também não sobreviver até lá, caso a opção seja por múltiplas candidaturas. Se tal vier a ocorrer, ela terá produzido dois efeitos benéficos e duradouros.
O primeiro deles é passar para a população a imagem de uma oposição unida, consciente e interessada nos problemas do Recife, que são muitos, e na sua solução.
 
O segundo será a consolidação de uma cultura de respeito mútuo e atuação conjunta e solidária entre nós todos, que será fundamental mais adiante, nos momentos de tensão, de stress e de disputa que talvez enfrentemos pela frente.
 
Stress e ansiedade que cada um vive, no presente, em função do tempo, recursos e tamanho que tem versus a disputa que se avizinha.
 
Para nós que somos de um partido pequeno, com recursos escassos e reduzida estrutura, estar na arena com os grandes é sempre um enorme desafio. Inclusive para não desaparecer precocemente de cena.
 
O que nos leva a atuarmos duas oitavas acima e com estridência, fruto da nossa condição de primos pobres, ao risco de derrapar e cruzar a linha tênue que separa nossos interesses vitais dos interesses coletivos.
Tudo bem, é da nossa condição viver no fio da navalha. Mas é da nossa tradição também e já longeva, cultivada pelos comunistas, de jamais sacrificar os interesses do conjunto em nome de projetos individuais. 
PS – Deu no jornal que uma associação entre nós e o PSDB resultaria num orçamento eleitoral de R$ 10 a R$ 12 milhões para a campanha no Recife. A projeção é da minha inteira responsabilidade, mas se refere a uma possibilidade resultante da união de todos os partidos da oposição e não apenas de dois deles. 
•Raul Jungmann é presidente estadual do PPS de Pernambuco