João da Costa: desrespeito, humilhação e resistência | Raul Jungmann

João da Costa: desrespeito, humilhação e resistência

Por Raul Jungmann
 
Não é por ser adversário contundente de João da Costa e de sua gestão que devo endossar ou silenciar diante do que o PT inflige ao Prefeito do Recife.
 
O Prefeito tem direitos e desconhecê-los é, inversamente, negar os meus direitos, além de ser moralmente condenável e regressivo.
 
Candidato natural a sua sucessão, JC foi forçado a disputar prévias, que venceu. Viu estas serem canceladas pela executiva nacional do PT, sem que fossem dadas como fraudadas ou fossem detectados os tais “eleitores piratas”.  
Marcadas novas prévias, que o prefeito prontamente acatou, foram elas canceladas e, por ordem de Lula, ambos, JC e seu adversário Maurício Rands, instados a renunciar em favor de um tércius, o senador Humberto Costa.
 
Ordem dada e atendida por Rands, o diktat de Lula é resistido até aqui pelo Prefeito, que assim se arrisca a uma intervenção no diretório do Recife e seu afastamento a força da disputa.
 
Se o estilo é o homem, o método do Partido dos Trabalhadores para retirar de João da Costa o direito de disputar a sua sucessão, diz bem do teor autoritário, antidemocrático e personalista da “democracia petista” (sic).
 
Todo e qualquer direito de escolha das propaladas “bases” foi suprimido em nome da nomenklatura partidária em conluio com Lula, de cujo arbítrio pendem as decisões e unidade partidárias, no mais apurado estilo caudilhesco.
 
Tem o prefeito diante de si a oportunidade de agigantar-se, encarando e resistindo a uma intervenção que honrará a sua biografia, enquanto a dos seus oligarcas adversários será rebaixada à condição de pigmeus autoritários
.
Tem ainda João da Costa, o último recurso de disputar a convenção partidária do Recife em junho. E, impedido de fazê-lo ou mesmo expulso do PT, o que é provável, o dever moral de derrotar os que o vetaram e humilharam, sejam eles Humberto Costa ou qualquer outro.
 
Resista, Prefeito.