ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Por um parque no bairro da Torre

Na semana passada, a imprensa noticiou que há uma briga entre duas grandes construtoras, por uma grande área no bairro da Torre. Por um parque no bairro da Torre Por Raul Jungmann Na semana passada, a imprensa noticiou que há uma briga entre duas grandes construtoras, por uma grande área no bairro da Torre. Paralelo a isso, acompanhei uma boa discussão no grupo Direitos Urbanos à respeito da questão. O grupo merece ser ouvido. Obviamente a ideia do setor imobiliário é a de replicar o que vem sendo feito sem critério algum na cidade, que é a construção de condomínios excessivamente verticalizados, que hoje representam o que há de mais rentável em termos de construção. Nada contra a iniciativa privada buscar bons empreendimentos, muito pelo contrário. Mas cabe ao Poder Público se posicionar em relação ao que deve ou não ser construído, porque o impacto no trânsito e na habitabilidade acarreta uma série de mudanças no cotidiano das pessoas que vivem no bairro. A área em questão é o antigo Cotonifício da Torre, erguido em 1884. mais conhecido por ser sede do antigo Banorte. Um terreno de 100 mil metros quadrados, que pode mudar o destino do bairro da Torre. Antes de propor algo concreto, gostaria de fazer a seguinte pergunta: será que é de mais edifícios e verticalização que o bairro da Torre precisa? Acredito que não. E cabe ao Poder Público começar a desenvolver e valorizar outras áreas e bairros da cidade, ao invés de se omitir, como vimos durante a gestão do PT. Cabe lembrar que a área é coberta atualmente pela Lei 17.511/2008, considerada como... Leia Mais

A MAIOR PRESEPADA DO MUNDO OU DE COMO JOGAR MEIO BILHÃO DE REAIS NO LIXO

Com franqueza e contundência inusuais, o secretário João Braga, em entrevista recente, tachou a Via Mangue de “presepada” e disse mais: quem fosse do centro ao subúrbio pela via expressa não teria como voltar. Concebida 14 anos atrás com o nome de Linha Verde, a via expressa deveria ser iniciada em 2004, mas só começou a sair do papel em 2011. Hoje, sua conclusão é prevista para 2014, o que não vale grande coisa, dado o seu histórico de adiamentos. Predadora e polêmica, com exíguos quatro e meio quilômetros de extensão, a Via Mangue destruiu mais de uma centena de hectares de manguezais, que não estão sendo replantados, embora esse fosse o acordo com o ministério público.    Com franqueza e contundência inusuais, o secretário João Braga, em entrevista recente, tachou a Via Mangue de “presepada” e disse mais: quem fosse do centro ao subúrbio pela via expressa não teria como voltar. Concebida 14 anos atrás com o nome de Linha Verde, a via expressa deveria ser iniciada em 2004, mas só começou a sair do papel em 2011. Hoje, sua conclusão é prevista para 2014, o que não vale grande coisa, dado o seu histórico de adiamentos. Predadora e polêmica, com exíguos quatro e meio quilômetros de extensão, a Via Mangue destruiu mais de uma centena de hectares de manguezais, que não estão sendo replantados, embora esse fosse o acordo com o ministério público. Tocada em passos de cágado, a “maior obra viária em décadas feita no Recife”, tem um custo total estimado em 555 milhões de reais e cada um dos seus quilômetros custará ao povo recifense... Leia Mais

DIÁRIO DAS RUAS

Desci do carro no Clube Internacional para ir caminhando até a praça do Derby, aonde o pessoal me esperava. Dei dois passou e uma senhora me olhou e falou “ihhhh!”. Me lembrei na hora do que meus amigos  falaram: “Não vá a manifestação. Você vai ser vaiado, xingado, o movimento é contra a política e os políticos. Vai sair no jornal, você só vai se desgastar” DIÁRIO DAS RUAS   Por Raul Jungmann       Desci do carro no Clube Internacional para ir caminhando até a praça do Derby, aonde o pessoal me esperava. Dei dois passou e uma senhora me olhou e falou “ihhhh!”. Me lembrei na hora do que meus amigos  falaram: “Não vá a manifestação. Você vai ser vaiado, xingado, o movimento é contra a política e os políticos. Vai sair no jornal, você só vai se desgastar” Bom, era um risco real, sim. Mas ficar em casa com medo de um desgaste me faria mais mal que uma vaia ou xingamentos nas ruas. E decidi ir. Mais adiante encontrei uma dupla de jovens que me reconheceu e saudou. O pai veio para perto e pediu para tirar uma foto. Como não, disse e pensei: vou chamar a atenção de todos e pode vir provocação. Não veio. Me pediram mais fotos novamente adiante. Tirei de novo, ao lado do quartel do Derby. Foi quando uns rapazes, uns três ou quatro, me reconheceram e falaram alto “Raul Jungmann aqui?! Sem políticos!”…Olhei para eles rapididamente e segui em  frente.   Procurava a agencia do Bradesco. A multidão ia se tornando mais e mais compacta enquanto eu ia... Leia Mais

APAGÃO NÃO É FATALIDADE

Disse o governador Eduardo Campos que o apagão que atingiu ontem, por 5 horas, o norte e o nordeste do pais, foi uma “fatalidade”. Com a devida vênia, discordo. Só de setembro para cá foram 4 os apagões em escala regional, envolvendo vários estados. E 15 dentre as 33 maiores operadoras de energia, ultrapassaram o teto de cortes estipulado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Para mim, a fatalidade do apagão erá previsível e estava contratada dada a precária manutenção do sistema elétrico nacional, que vem se degradando ao longo do tempo. E a perspectiva é de piora. Disse o governador Eduardo Campos que o apagão que atingiu ontem, por 5 horas, o norte e o nordeste do pais, foi uma “fatalidade”. Com a devida vênia, discordo. Só de setembro para cá foram 4 os apagões em escala regional, envolvendo vários estados. E 15 dentre as 33 maiores operadoras de energia, ultrapassaram o teto de cortes estipulado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Para mim, a fatalidade do apagão erá previsível e estava contratada dada a precária manutenção do sistema elétrico nacional, que vem se degradando ao longo do tempo. E a perspectiva é de piora. A medida provisória que reduziu tarifas, baixada pela Presidente Dilma, se trouxe ganhos para industrias e consumidores, derrubou em 30% o valor de mercado das empresas e detonou o ambiente de negócios do setor. Ou seja, os investidores privados reduzirão os seus investimentos presentes e futuros ainda mais, como estão fazendo, por razões semelhantes, na área do petróleo e infraestrutura em geral. De quebra, os reservatórios das nossas hidrelétricas estão em nível crítico e todas... Leia Mais

As várias facetas de Nelson Rodrigues

Nenhum homem merece fidelidade, nenhum! Nelson é que era mulher de verdade Diogo Guedes / dgduarte@jc.com.br Foi usando heterônimos como Myrna e Suzana Flag, ícones do folhetim nacional, que o autor conseguiu maior popularidade – e o dinheiro que tanto lhe faltava. “Pouco amor não é amor”, já disse Myrna, ou melhor, Nelson Rodrigues. Talvez por isso o dramaturgo acreditasse que fazer um romance-folhetim sem tornar-se um genuíno folhetim era o mesmo que não fazê-lo. Faz sentido: Nelson não era um homem de meios-termos. O folhetim, como a telenovela, era para ele um gênero de concessão e, portanto, um gênero de entrega: mais do que uma literatura “menor”, tratava-se de uma literatura da adequação, uma prosa com – também prazerosas – condições. Assinava como uma mulher porque queria falar para mulheres – ao menos para as mulheres como ele as pensava. De novo: folhetim é um gênero de concessão, e a principal concessão de Nelson foi abrir mão voluntariamente do seu próprio nome e gênero.   Do nome e do gênero, é verdade, mas não das marcas de sua autoria. Os seus heterônimos Suzana Flag e Myrna, de forma mais melodramática, também encarnam o excesso e o retrato impiedoso de uma sociedade que se recusa a lidar com tabus. Ainda assim, a primeira delas, Suzana, não surge de um desejo estético, mas de uma necessidade financeira, pelo menos segundo Ruy Castro, principal biógrafo do autor. Nelson, apesar de já ter revolucionado o teatro brasileiro em 1943 com Vestido de noiva, penava para fazer o seu dinheiro durar, sustentando sua casa e ajudando a mãe. No trabalho, sempre convidava alguém... Leia Mais

HOJE, NÃO SOU CANDIDATO A VEREADOR

Por Raul Jungmann Hoje cedo a blogsfera anunciou minha candidatura a vereador. A razão era o pedido de registro da nossa candidatura no TRE. Esclareço. O pedido atende aos prazos. Sem o registro, não se tem CPF, nem se abre conta bancária para receber doações. Passados quase 15 dias do início oficial da campanha, esse registro era imprescindível para poder concorrer, caso me decida a tal. Decisão que não tomei até agora por três motivos: 1. Sou e sempre fui um candidato dito de “opinião”. Isto é, não tenho clientela, não distribuo favores, não vivo pendurado nas tetas do poder público ou governo de plantão. Em resumo não pratico a “velha política”. E eleição para vereador, dizem os entendidos, é para quem tem “clientes”, exercendo um papel que deveria ser dos governos. É possível e como superar isso? Estou pensando em alternativas. 2. Quando eu era candidato a prefeito, o PPS montou uma excelente chapa de candidatos a vereador, com 53 nomes. Não é justo agora disputar votos com eles, que entraram na disputa para me ajudar a eleger-me prefeito. Portanto, minha entrada terá que ter por meta tentar eleger-me exclusivamente com os meus votos. O que não é fácil: ao contrário, é dificílimo, pelas características da eleição para a vereança. 3. Recursos. Sempre eles. Não sou rico, não tenho padrinhos ricos, não roubo nem deixo roubar dinheiro público, não trabalho com caixa dois. Boa parte dos meus doadores são empresas de fora daqui, fruto da minha atuação nacional como deputado, que tem nenhum ou pouco interesse num pleito para vereador do Recife, e uma campanha tem custos. Como... Leia Mais
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