ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Gabeira abandonado?

O Jornal do Commércio deste sábado traz matéria com essa afirmação, que Gabeira teria sido “abandonado” por nós, no ato em defesa do meio ambiente, no município de Moreno. Vamos aos fatos A programação montada para a vinda de Gabeira destinava a manhã de sexta-feira para atendimento à imprensa, almoço com Aécio Neves e o ato público em Moreno. Cumprida a primeira etapa, a da mídia, fomos ao restaurante Porto Ferreiro, local do almoço com o governador mineiro. Lá chegando e passado algum tempo, pedimos a Sérgio Xavier, presidente do PV estadual e a Marcelo Gadelha, presidente municipal do PPS Recife, que acompanhassem Gabeira até Moreno, pois deveríamos passar no Hospital Barão de Lucena, para atender um compromisso inadiável com os servidores da saúde. Calculava que, começando o ato em Moreno às 16h e mal passando das 14h, chegaria a tempo de participar desde o início. Mal eu saía do encontro com os servidores, meus telefones dispararam com relatos angustiados que Gabeira, lá chegando e, não tendo me encontrado, falara e estava indo embora. De imediato liguei para ele explicando o ocorrido e que em alguns minutos mais. O que de nada adiantou, pois o mesmo se retirou às pressas. Passemos agora à análise dos fatos Gabeira não encontrara no município de Moreno nenhum ambiente hostil, não havia lá nenhum clima adverso. Pelo contrário, as pessoas que estavam à sua volta haviam nos solicitado a sua presença, eram suas fãs e o tratavam com todo o carinho e atenção. Além do mais, Gabeira estava acompanhado do presidente do seu partido, Sérgio Xavier, o vereador “verde” Daniel Coelho, de militantes e dirigentes do PPS estadual... Leia Mais

Tempestade no campo

O governo federal assumiu compromisso com o movimento sem terra de revisar os índices de produtividade da terra, que datam de 1975. Caso faça isso, no passado prometeu e não entregou, vai colher uma super safra de invasões de terras. Sobretudo, mas não apenas, no sudeste e sul do país, coração do agronegócio. Os índices de produtividade fixam o mínimo que uma dada área deve produzir para ser considerada produtiva. Abaixo desse mínimo, a terra é considerada improdutiva e passível de desapropriação para fins da reforma agrária. Como de sua última revisão para cá a produtividade rural cresceu muito, o que antes era produtivo, pelos novos padrões poderá deixar de sê-lo. Logo, muitas áreas hoje consideradas produtivas passarão a ser classificadas como improdutivas, o que gerará dois efeitos. Um, será ampliada a área total potencialmente desapropriável – a qual é residual, pelos atuais índices, nos estados do sul e do sudeste. Regiões onde, diga-se, temos o maior contingente de sem terra à espera de um pedaço de chão e, portanto, a maior pressão por reforma agrária. Segundo, o movimento sem terra, de posse dos dados da nova estrutura fundiária, que lhe serão repassados pelo INCRA, o qual domina, lançar-se-á a uma formidável onda de invasões. Pode ser que a mexida nos índices seja pontual, o que não teria grande impacto. Pode ser até que o governo fique só na promessa, como no passado. Mas, se a mexida for prá valer, teremos uma reação em cadeia, dos dois lados do conflito agrário, sem terra e empresários rurais, que poderá gerar um espiral de violência difícil de ser quebrado. Da parte... Leia Mais

Sobe o risco Brasil de atentado terrorista

Em 2007, a nosso pedido, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados realizou uma primeira audiência sobre o tema terrorismo. Naquela oportunidade, ficaram evidenciados três problemas: a ausência de um claro comando e hierarquia entre os órgãos que lidam com o tema; a inexistência de legislação tipificando e qualificando o que é terrorismo entre nós; e a ausência de um debate nacional sobre o tema e suas implicações para o Brasil. Passados quase dois anos, realizamos, em junho de 2009, uma segunda audiência pública sobre o tema, cuja íntegra você pode ler aqui, tendo por fato gerador a prisão, em São Paulo, de uma membro da alta hierarquia da Al Qaeda, o “senhor K. Entre a primeira e a segunda audiência, foram poucas as mudanças, permanecendo intocados os problemas aflorados anteriormente. De novo, a criação de um núcleo de prevenção e controle (?) do terrorismo no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Em contrapartida, segundo Daniel Lorenz(*), diretor de inteligência da Polícia Federal, o aumento do “risco Brasil de terrorismo”. As elites brasileiras, no governo e na oposição, praticam um faz de conta irresponsável: de uma parte, lutam por um assento no Conselho de Segurança da ONU, almejam sentar à mesa de decisão dos temas globais e tornar o país não mais apenas um “global trader”, mas um “global player”. De outra, sonegam um debate sobre os riscos e responsabilidades decorrentes de tal ascensão. E fingem ignorar que, no topo das decisões mundiais, rondam perigos como o terrorismo global. O qual, como se pode constatar pela leitura das... Leia Mais

Por que só os brasileiros?

Neste final de semana, na Bolívia, o presidente Lula pediu ao presidente Evo Morales que olhasse os brasileiros residentes naquele país “com carinho”. Esperamos que isso aconteça, porque, até aqui, eles não têm sido tratados assim pelo governo boliviano, para dizer o mínimo. O Brasil tem com a Bolívia desde 2006 um acordo de regularização de residência que nos levou a legalizar a situação de 48 mil bolivianos clandestinos, localizados sobretudo em São Paulo. Em troca, nenhum brasileiro tinha tido tratamento igual, até quando do meu último requerimento de informações ao Itamaraty em meados deste ano. Agora, fala-se em oito regularizados… O que dispensa comentários. O presidente Lula, ao abordar essa questão, associou-a a outra, à dos brasileiros que vivem na faixa de fronteira, na província de Pando, vizinha ao estado do Acre. Eles, não se sabe quantos são, estão em vias de serem removidos de lá até dezembro. São agricultores pobres, em sua larga maioria, acusados pelo governo de desmatamentos e de infringir a Constituição boliviana, que determina ser a faixa de fronteira vedada a estrangeiros. Lembro que em 2007, o Congresso Nacional aprovou medida provisória destinando 20 milhões de reais para o seu reassentamento em território boliviano, nas proximidades da cidade de Cobijas. Não nos cabe discutir e muito menos descumprir o que manda a lei de um país vizinho e soberano. Tão pouco especular sobre as versões que dão conta que a remoção teria por objetivo fazer pender a balança eleitoral contra o governo de Pando, adversário de Evo.  Mas nos cabe, sim, uma pergunta: por que só os nossos, os brasileiros, tem que sair? Naquela região da... Leia Mais

BAÚ DE OSSOS I : Marina

Ela está nas manchetes de todos os jornais. Marina no PV, Marina candidata a presidente. Mexendo num velho álbum, lá está ela, pouco mudou, ao lado de José Genoíno, me cumprimentando pela  posse no Ministério da Reforma Agrária, em pleno Palácio do Planalto, naquele distante abril de 1996. Tínhamos nos conhecido dois anos antes, quando eu ainda era presidente do IBAMA. Ela me convidou para ir ao Acre, sua terra natal, conhecer a experiência das resex, reservas extrativistas, que eram bancadas por nós, e lá fui eu. Chegando a Rio Branco, pegamos um monomotor para a floresta. Sacolejamos um bocado e Marina que tinha muito medo, se continha com determinação. Medo tive eu, quando o avião iniciou a descida e não víamos a pista. Quando a vi, não acreditei: “aquilo lá é a pista de pouso?”, perguntei aflito. Era. Na cabeceira, da qual nos aproximávamos velozmente, umas árvores enormes iam desaparecendo por baixo daquela casca voadora, mais e mais próximas, a ponto de quase sentirmos que roçavam as asas e o trem de pouso. Nos chocamos com o chão de barro batido da pista e fomos para adiante, aos solavancos, sem fôlego. Imagine sair daqui, pensei, enquanto o piloto nos esclarecia, candidamente, que já tivera que arremeter outras vezes pela existência de animais ou  carros cruzando a pista… De lá, fomos direto para as reservas no meio da selva. Vimos como produziam, educavam suas crianças, colhiam a safra, construíam suas casas. Fizemos uma roda num galpão rústico e conversamos por um bom tempo, sob um calor úmido e pesado. Despedimo-nos e fomos embora. Ao chegarmos de volta à pista,... Leia Mais

O faz de conta do governo Lula em Pernambuco

Todos esses anos, você deve ter ouvido dizer que o governo Lula fez mais por Pernambuco do que qualquer outro governo “na história deste País”. Deve, também, ter visto e lido inumeráveis manchetes de jornais que registravam a presença do presidente entre nós, lançando ou entregando grandes obras estruturadoras. Nada disso é verdade. E nós vamos mostrar aqui, sob forma de capítulos, a grande ilusão e manipulação da opinião pública pernambucana por parte do governo federal. Os dados expostos a seguir, e análises decorrentes, foram objeto de requerimentos de informação (RI) da Câmara dos Deputados, em nosso nome, feitos aos ministros e órgãos do governo federal que cuidam das obras estruturadoras em curso em nosso estado. Portanto, todos os dados  e informações a seguir, anote, foram fornecidos pelo governo federal e são oficiais. FAZ DE CONTA, CAPÍTULO UM: O CASO DA REFINARIA ABREU E LIMA Começamos pela refinaria, por ser o mais emblemático e simbólico dos casos e, talvez, o caso mais exemplar, dentre todos, de manipulação e ilusionismo. No distante 16 de dezembro de 2005, os presidentes Lula e Chávez da Venezuela, acompanhados pelo governador Jarbas Vasconcellos e nutrida comitiva de ministros, secretários, senadores e deputados, descerraram uma vistosa placa com os dizeres “A refinaria do Século XXI”, durante o lançamento da pedra fundamental da Abreu e Lima em  Ipojuca.  De acordo com um dos nossos diários, “a primeira refinaria a ser construída em 25 anos no país terá projeto de última geração, a cargo de técnicos (…) que a Petrobrás mantém no Rio de Janeiro”. A planta, com capacidade de processar 200 mil barris diários, estava orçada... Leia Mais
Página 41 de 58« Primeira...102030...3940414243...50...Última »