ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

O sobe e desce de Copenhague

Hoje foi um dia de baixo astral, aqui em Copenhague. Ontem, já tínhamos tido o stress dos países africanos que deixaram os grupos de negociação, ocasionando um parada geral nos seis grupos que dão conta da agenda da COP15. Superado esse problema, basicamente de confiança, pela presidente da Conferência, Connie Heregaard, o clima tornou a piorar novamente hoje. A Colômbia travou as negociações do grupo que cuida do REED, o fundo para reduzir o desmatamento e a  degradação das florestas. Em paralelo, e agravando a crise de confiança, falava-se de um novo texto que estaria sendo debatido a sete chaves pelos países industrializados e alguns países-chave em desenvolvimento, o que parece não ser verdade. Para terminar de entornar o caldo de vez, os EUA não avançaram nada de novo (veja post seguinte) e a China mantinha-se arredia a quaisquer alternativas que fossem vinculantes. Em resumo, o pessimismo era geral, hoje no Bella Center, aonde se desenvolvem os trabalhos da COP15. Em verdade nada novo, nessa grande colméia que é a Conferencia, onde  a euforia  sucede a depressão, as vezes por muito pouco ou quase nada. É assim em grandes aglomerados humanos, submetidos ao convívio forçado e conectados, todos, em torno de um objetivo ou esperança particular. Mas não se pode descartar o fato que é uma imensa tarefa coordenar expectativas e processos de 162 nações  que representam aproximadamente 90% da população do planeta. Ainda mais com imensos interesses econômicos e sociais em questão. Agora, toda a esperança e expectativa se voltam para os chefes de estado que começam a chegar, hoje ainda e amanhã. Não é bom presságio. Líderes... Leia Mais

Barack Obama, o salvador do futuro

Ao novo presidente dos EUA se atribuem dons especiais, sobretudo de oratória, alem, é claro, da sua vitória e o que ela representa. Aqui em Copenhague não é diferente. Comenta-se que o presidente dos EUA, que chega aqui na sexta-feira, traria três boas novas. Em primeiro lugar, a ampliação das metas de redução de emissões de gases estufa de 17 para 20%, já negociada com o senado americano. Segundo, a tão esperada grana para os fundos de médio e longo prazos, que até agora, ao contrário dos de curto, não viram um dólar real, só promessas. Se confirmada essa oferta, ela teria o condão de destravar a oferta da União Européia, que, dizem, teria dinheiro e disposição para investir muito mais em programas de adequação e mitigação, a espera de um gesto dos EUA, o que até aqui não teria acontecido. Por fim, muitos dão de barato duas coisas mais. Uma que a EPA, o IBAMA dos Estados Unidos, tendo decretado que o gás CO2 faz mal a saúde, poderia, executivamente, cortar muito além dos 20% as emissões americanas sem ter que passar pelo sempre conservador congresso dos EUA. Segundo, que Obama anunciaria um programa de cortes bem mais ousado que os 17 ou 20% ate 2020, para o período seguinte que  vai até 2050. É ver para crer. Raul Jungmann, de... Leia Mais

Dilma vai mal em Copenhague

 Foto: Dennis Barbosa/G1    Não foi apenas a gafe, que virou manchete internacional, na palestra de ontem, ao dizer que o meio ambiente era empecilho ao desenvolvimento. A ministra Dilma Roussef esta levando o time de diplomatas e negociadores do Brasil ao stress, por dois motivos. Segundo um embaixador brasileiro, que é um dos nossos coordenadores no evento, a ministra tem pouca intimidade com o assunto, que tem cada vez mais complexidade em razão da abrangência dos temas e do número de atores e países envolvidos. De quebra, diz ele, Dilma seria muito dura e autoritária nas negociações, o que pode dar certo dentro de casa, mas não aqui fora e, principalmente, quando do outro lado estão negociadores ancorados em países soberanos. Aliás, na palestra de ontem, aonde a ministra dividia a mesa com ministros da China, Índia e México, pegou muito mal a auto-referência, diante de todos, de que o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a propor metas, ainda que voluntárias. E que nós temos o melhor dos programas, dentre todos os países não industrializados, a oferecer ao mundo, visando a redução dos gases do efeito estufa. Raul Jungmann, de... Leia Mais

O sobe e desce de Copenhague

Hoje foi um dia de baixo astral, aqui em Copenhague. Ontem, já tínhamos tido o stress dos países africanos que deixaram os grupos de negociação, ocasionando um parada geral nos seis grupos que dão conta da agenda da COP15. Superado esse problema, basicamente de confiança, pela presidente da Conferência, Connie Heregaard, o clima tornou a piorar novamente hoje. A Colômbia travou as negociações do grupo que cuida do REED, o fundo para reduzir o desmatamento e a  degradação das florestas. Em paralelo, e agravando a crise de confiança, falava-se de um novo texto que estaria sendo debatido a sete chaves pelos países industrializados e alguns países-chave em desenvolvimento, o que parece não ser verdade. Para terminar de entornar o caldo de vez, os EUA não avançaram nada de novo (veja post seguinte) e a China mantinha-se arredia a quaisquer alternativas que fossem vinculantes. Em resumo, o pessimismo era geral, hoje no Bella Center, aonde se desenvolvem os trabalhos da COP15. Em verdade nada novo, nessa grande colméia que é a Conferencia, onde  a euforia  sucede a depressão, as vezes por muito pouco ou quase nada. É assim em grandes aglomerados humanos, submetidos ao convívio forçado e conectados, todos, em torno de um objetivo ou esperança particular. Mas não se pode descartar o fato que é uma imensa tarefa coordenar expectativas e processos de 162 nações  que representam aproximadamente 90% da população do planeta. Ainda mais com imensos interesses econômicos e sociais em questão. Agora, toda a esperança e expectativa se voltam para os chefes de estado que começam a chegar, hoje ainda e amanhã. Não é bom presságio. Líderes... Leia Mais

Barack Obama, o salvador do futuro

Ao novo presidente dos EUA se atribuem dons especiais, sobretudo de oratória, alem, é claro, da sua vitória e o que ela representa. Aqui em Copenhague não é diferente. Comenta-se que o presidente dos EUA, que chega aqui na sexta-feira, traria três boas novas. Em primeiro lugar, a ampliação das metas de redução de emissões de gases estufa de 17 para 20%, já negociada com o senado americano. Segundo, a tão esperada grana para os fundos de médio e longo prazos, que até agora, ao contrário dos de curto, não viram um dólar real, só promessas. Se confirmada essa oferta, ela teria o condão de destravar a oferta da União Européia, que, dizem, teria dinheiro e disposição para investir muito mais em programas de adequação e mitigação, a espera de um gesto dos EUA, o que até aqui não teria acontecido. Por fim, muitos dão de barato duas coisas mais. Uma que a EPA, o IBAMA dos Estados Unidos, tendo decretado que o gás CO2 faz mal a saúde, poderia, executivamente, cortar muito além dos 20% as emissões americanas sem ter que passar pelo sempre conservador congresso dos EUA. Segundo, que Obama anunciaria um programa de cortes bem mais ousado que os 17 ou 20% ate 2020, para o período seguinte que  vai até 2050. É ver para crer. Raul Jungmann, de... Leia Mais

COP 15, o balanço de véspera

As ruas de Copenhague estão salgadas a espera da neve que não veio até agora. De quebra, não será doce o balanço final desses 11 dias em que as atenções do mundo estarão postas nesse reino constitucional, outrora viking, pertencente a Escandinávia, cujo mais destacado nacional é Hans Andersen, dos homônimos contos. Não vamos ter metas globais e/ou vinculantes, isto é, que possam ser cobradas posteriormente. Não há “clima’ para isso, com perdão do trocadilho. Sem dúvida, com a chegada dos chefes de estado nessa quarta e o corre-corre das declarações, muita coisa vai parecer o que não é, e vai confundir incautos. Mas as decisões que deveremos ter podem ser agrupadas em três eixos: um fundo de curto prazo, até 2020, destinado a países pobres. Secundariamente, um avanço na definição do mecanismo de REDD, uma grana para conter as emissões decorrentes do desmatamento e degradação das florestas, e que nos interessa de perto. E, por fim e mais importante, um mandato ou compromisso sobre o que e como será negociado daqui prá frente e que vai culminar na COP (Conferência das Partes) número 16, a ocorrer ao final de 2010 no México. Se o mandato for para se estabelecer condições de um acordo, ai sim, sobre metas e vinculante, Copenhagen terá, a pesar dos pesares, sido um sucesso. Se não, bem, não pergunte por que os sinos dobram, meu caro(a), pois eles dobram por você. E pelo planeta. Raul Jungmann, de... Leia Mais
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