ARTIGOS | Raul Jungmann
Artigos escritos por Raul Jungmann

Quem mata, conhece

Começaram os relatórios sobre crimes de 2009. Um dado é consistente através do tempo e de países: a probabilidade de alguém ser assassinado por um desconhecido é pequena. Dos 46 mil homicídios no Brasil, perto de 90% das vítimas mantinham relações profissionais, de vizinhança ou familiares com o assassino. E cerca de 90% dos casos envolvem homicidas primários. Homicídios são crimes sem histórico pessoal. Esta violência letal que a ONU classifica de interpessoal parece frustrante, mas existem progressos admiráveis. Nova York atingiu em 2009 seis homicídios por cem mil habitantes, contra 29 em 1990 (apenas 7% das vitimas não conheciam o assassino). Mais impressionante é São Paulo, onde em dez anos a taxa caiu de 36 para dez homicídios por cem mil habitantes. A punição justa explica tais progressos. Com muito maior inteligência e treinamento, com melhores equipamentos, a policia tem maiores poderes de prevenção, reação e de qualidade nos inquéritos, e poucas mortes devido à reação policial. Cria-se então espaço para a Justiça. São Paulo é ilustrativo: lá os criminosos vão para a cadeia. Com 20% da população brasileira, São Paulo tem mais da metade da população carcerária do país. Mas existem limites para baixar a violência interpessoal, mesmo para perfeitas Polícias e Justiças. A médio prazo, o que pode baixar tais crimes é educação. O livro “Educação básica no Brasil” mostra que, além dos enormes ganhos econômicos, a educação baixa a violência. E tudo melhora muito se o estímulo às crianças começa bem cedo. Mas não se deve subestimar os pais e substituí-los ainda mais por burocracias públicas. As famílias são fundamentais no desenvolvimento cognitivo e no... Leia Mais

A campanha da honestidade

Comumente se diz que a honestidade deveria ser não uma virtude, mas um pré-requisito. Que todos os candidatos deveriam ser honestos, buscando-se o melhor através de outros critérios. Diz-se também que hoje, do jeito que a coisa está, ser honesto é algo tão raro, que se tornou uma virtude. Entretanto, se determinada qualidade, estando presente na maioria, não serve como elemento de diferenciação e, por conseguinte, de escolha, não perde, contudo, seu caráter positivo. Se todos fôssemos honestos, a honestidade deixaria de ser algo bom, para ser algo neutro? Creio que não. Ser ou não ser honesto é algo subjetivo. Não há um padrão uniforme. Afinal, honestidade não se resume em meter ou não meter indevidamente a mão no bolso de alguém. Ademais, a honestidade comporta gradações. É possível ser mais ou menos honesto. Assim, aceitar um determinado padrão de honestidade, traçar uma linha e ver quem está acima e quem está abaixo, é muito mais fácil do que analisar qual aquele que possui um padrão mais elevado do que os demais. Não se pode exigir que os candidatos sejam, em igual medida, honestos. Porque o padrão de honestidade não é o mesmo para todos. Há diferenças nem sempre tão evidentes. Qual seria o padrão escolhido pelos legisladores? Melhor deixar a decisão para o eleitor, para que ele tente descobrir qual é o candidato mais honesto. Assim, o projeto referente aos fichas-sujas é complicado. Por que, enquanto não houver uma decisão transitada em julgado, como dizer que alguém tem uma ficha suja? Devemos correr o risco de barrar alguém honesto de submeter seu nome para a escolha do povo,... Leia Mais

A campanha da honestidade

Comumente se diz que a honestidade deveria ser não uma virtude, mas um pré-requisito. Que todos os candidatos deveriam ser honestos, buscando-se o melhor através de outros critérios. Diz-se também que hoje, do jeito que a coisa está, ser honesto é algo tão raro, que se tornou uma virtude. Entretanto, se determinada qualidade, estando presente na maioria, não serve como elemento de diferenciação e, por conseguinte, de escolha, não perde, contudo, seu caráter positivo. Se todos fôssemos honestos, a honestidade deixaria de ser algo bom, para ser algo neutro? Creio que não. Ser ou não ser honesto é algo subjetivo. Não há um padrão uniforme. Afinal, honestidade não se resume em meter ou não meter indevidamente a mão no bolso de alguém. Ademais, a honestidade comporta gradações. É possível ser mais ou menos honesto. Assim, aceitar um determinado padrão de honestidade, traçar uma linha e ver quem está acima e quem está abaixo, é muito mais fácil do que analisar qual aquele que possui um padrão mais elevado do que os demais. Não se pode exigir que os candidatos sejam, em igual medida, honestos. Porque o padrão de honestidade não é o mesmo para todos. Há diferenças nem sempre tão evidentes. Qual seria o padrão escolhido pelos legisladores? Melhor deixar a decisão para o eleitor, para que ele tente descobrir qual é o candidato mais honesto. Assim, o projeto referente aos fichas-sujas é complicado. Por que, enquanto não houver uma decisão transitada em julgado, como dizer que alguém tem uma ficha suja? Devemos correr o risco de barrar alguém honesto de submeter seu nome para a escolha do povo,... Leia Mais

A campanha da honestidade

Comumente se diz que a honestidade deveria ser não uma virtude, mas um pré-requisito. Que todos os candidatos deveriam ser honestos, buscando-se o melhor através de outros critérios. Diz-se também que hoje, do jeito que a coisa está, ser honesto é algo tão raro, que se tornou uma virtude. Entretanto, se determinada qualidade, estando presente na maioria, não serve como elemento de diferenciação e, por conseguinte, de escolha, não perde, contudo, seu caráter positivo. Se todos fôssemos honestos, a honestidade deixaria de ser algo bom, para ser algo neutro? Creio que não. Ser ou não ser honesto é algo subjetivo. Não há um padrão uniforme. Afinal, honestidade não se resume em meter ou não meter indevidamente a mão no bolso de alguém. Ademais, a honestidade comporta gradações. É possível ser mais ou menos honesto. Assim, aceitar um determinado padrão de honestidade, traçar uma linha e ver quem está acima e quem está abaixo, é muito mais fácil do que analisar qual aquele que possui um padrão mais elevado do que os demais. Não se pode exigir que os candidatos sejam, em igual medida, honestos. Porque o padrão de honestidade não é o mesmo para todos. Há diferenças nem sempre tão evidentes. Qual seria o padrão escolhido pelos legisladores? Melhor deixar a decisão para o eleitor, para que ele tente descobrir qual é o candidato mais honesto. Assim, o projeto referente aos fichas-sujas é complicado. Por que, enquanto não houver uma decisão transitada em julgado, como dizer que alguém tem uma ficha suja? Devemos correr o risco de barrar alguém honesto de submeter seu nome para a escolha do povo,... Leia Mais

De fatos e picaretas

O Panorama Político, coluna do jornal O Globo, do dia 20 p.p., trazia em uma nota cujo título era “Milhagem”, um suposto diálogo meu com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, em que este, se dirigindo a mim, teria dito: “Você não acha que vai mais atrapalhar que ajudar? A idéia é meritória, mas lá tá precisando de gente que pegue na picareta”. Clique aqui e leia o artigo O Haiti é aqui Como  jamais tive esse diálogo com o presidente Temer, liguei para ele.  Michel então me afirmou que não reproduzira nossa conversa para o jornalista responsável pela coluna Panorama e, sim, fizera um comentário sobre o que ele, Temer, considerava prioridade para o Haiti, naquele momento. Ocorre que na semana anterior, por telefone, propus a ele iniciativas referentes à tragédia do Haiti, dentre outras uma comissão geral para discutir o papel do Brasil na recuperação do país e os objetivos da Minustah. A certa altura da conversa, indaguei-lhe da conveniência de se mandar uma missão externa composta por deputados para verificar a situação, incluso do nosso pessoal lá, visando subsidiar as discussões que teríamos que realizar. Afinal, todas ou quase todas as decisões futuras referentes à nossa permanência naquele país, recursos, etc da missão de paz que coordenamos, teriam que ser aprovadas pela Câmara. Foi então que o presidente Temer nos disse do seu interesse de ir lá e nos pediu que entrássemos em contato com o Ministério da Defesa, dada nossa condição de  membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de modo a verificar as condições e oportunidade da nossa ida ao Haiti, o que... Leia Mais

De fatos e picaretas

O Panorama Político, coluna do jornal O Globo, do dia 20 p.p., trazia em uma nota cujo título era “Milhagem”, um suposto diálogo meu com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, em que este, se dirigindo a mim, teria dito: “Você não acha que vai mais atrapalhar que ajudar? A idéia é meritória, mas lá tá precisando de gente que pegue na picareta”. Clique aqui e leia o artigo O Haiti é aqui Como  jamais tive esse diálogo com o presidente Temer, liguei para ele.  Michel então me afirmou que não reproduzira nossa conversa para o jornalista responsável pela coluna Panorama e, sim, fizera um comentário sobre o que ele, Temer, considerava prioridade para o Haiti, naquele momento. Ocorre que na semana anterior, por telefone, propus a ele iniciativas referentes à tragédia do Haiti, dentre outras uma comissão geral para discutir o papel do Brasil na recuperação do país e os objetivos da Minustah. A certa altura da conversa, indaguei-lhe da conveniência de se mandar uma missão externa composta por deputados para verificar a situação, incluso do nosso pessoal lá, visando subsidiar as discussões que teríamos que realizar. Afinal, todas ou quase todas as decisões futuras referentes à nossa permanência naquele país, recursos, etc da missão de paz que coordenamos, teriam que ser aprovadas pela Câmara. Foi então que o presidente Temer nos disse do seu interesse de ir lá e nos pediu que entrássemos em contato com o Ministério da Defesa, dada nossa condição de  membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de modo a verificar as condições e oportunidade da nossa ida ao Haiti, o que... Leia Mais
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