A MAIOR PRESEPADA DO MUNDO OU DE COMO JOGAR MEIO BILHÃO DE REAIS NO LIXO | Raul Jungmann

A MAIOR PRESEPADA DO MUNDO OU DE COMO JOGAR MEIO BILHÃO DE REAIS NO LIXO

Com franqueza e contundência inusuais, o secretário João Braga, em entrevista recente, tachou a Via Mangue de “presepada” e disse mais: quem fosse do centro ao subúrbio pela via expressa não teria como voltar.

Concebida 14 anos atrás com o nome de Linha Verde, a via expressa deveria ser iniciada em 2004, mas só começou a sair do papel em 2011. Hoje, sua conclusão é prevista para 2014, o que não vale grande coisa, dado o seu histórico de adiamentos.

Predadora e polêmica, com exíguos quatro e meio quilômetros de extensão, a Via Mangue destruiu mais de uma centena de hectares de manguezais, que não estão sendo replantados, embora esse fosse o acordo com o ministério público.

 

 Com franqueza e contundência inusuais, o secretário João Braga, em entrevista recente, tachou a Via Mangue de “presepada” e disse mais: quem fosse do centro ao subúrbio pela via expressa não teria como voltar.

Concebida 14 anos atrás com o nome de Linha Verde, a via expressa deveria ser iniciada em 2004, mas só começou a sair do papel em 2011. Hoje, sua conclusão é prevista para 2014, o que não vale grande coisa, dado o seu histórico de adiamentos.

Predadora e polêmica, com exíguos quatro e meio quilômetros de extensão, a Via Mangue destruiu mais de uma centena de hectares de manguezais, que não estão sendo replantados, embora esse fosse o acordo com o ministério público.

Tocada em passos de cágado, a “maior obra viária em décadas feita no Recife”, tem um custo total estimado em 555 milhões de reais e cada um dos seus quilômetros custará ao povo recifense 123 mi, o que a torna um das obras mais caras de toda a nossa história e do pais.

Concebida para desafogar o transito do litoral sul e escoar 30 mil veículos diariamente, a Via Mangue nasce totalmente obsoleta e disfuncional. E, em lugar de promover a mobilidade, dará de presente aos seus usuários um monumental e intransponível gargalo, ao final do túnel da Rua Manoel de Brito, já congestionado, com a Av. Antonio de Gois.

Esse infarto viário, é um segredo de polichinelo para o pessoal técnico e prefeitos do Recife – João Paulo, João da Costa e o atual, Geraldo Julio. Mas, nenhum deles, até agora, veio a público assumir ou denunciar o absurdo encomendado.

A solução para esse desastre urbanístico, dizem, seria a construção de um viaduto e de uma 3ª ponte sobre a bacia do Pina, de custo estratosférico e resultados duvidosos.

Presepada, ensina o Houaiss, é “encenação ridícula” e vem do latim praesepium, curral, que é, metaforicamente, aonde fomos parar.

Pois bem, podemos transformar esse limão em limonada, propondo ao Guiness of Records que essa “presepada”, de meio bilhão de reais, seja o maior monumento ao desperdício do dinheiro do contribuinte do planeta.

Raul Jungmann